07 julho 2015

Novo vírus misterioso poderia estar causando paralisia em crianças nos EUA

No ano passado, os EUA testemunharam uma curiosa surto de paralisia temporária entre as crianças, algo que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) se esforçou para explicar. As suspeitas foram despertadas que ele pode ter uma origem viral, e uma estirpe particular interesse recebido como uma possível causa ou fator contribuinte.
Mas parece que a situação tornou-se ainda mais desconcertante porque, um vírus diferente, mas relacionado recentemente foi isolado de um indivíduo, levando os cientistas a acreditar que este recém-descoberto tensão pode também ser o culpado.
A situação começou a se desenrolar no verão passado, quando as crianças em todos os EUA foi golpeada com uma condição chamada paralisia flácida aguda, um sinal comum de poliomielite que é caracterizada pelo rápido aparecimento de fraqueza muscular extrema e perda do tônus ​​muscular. Curiosamente, o surto, que afetou quase 120 crianças em 34 estados, coincidiu com um surto de doença respiratória causada por um tipo de enterovírus - EV-D68 - que está relacionado com os poliovírus.
Embora a correlação não implica causalidade, o momento sugeriu que poderia haver uma associação entre os dois. No entanto, EV-D68 só foi encontrada em 20% das pessoas testadas, e este vírus geralmente provoca a síndrome respiratória em vez de doença sistêmica. Enquanto isto ainda não descarta a possibilidade de que este vírus poderia ter sido envolvido, ela sugere que algum outro fator também estava em jogo. E para confundir ainda mais, um dos casos tenha agora sido associada com um tipo diferente de enterovírus, C105, que pertence à mesma espécie de enterovirus, que inclui poliovírus, Enterovirus C .
A paciente era uma menina de 6 anos de idade, de Virgínia, que foi levado para o hospital em outubro passado por fraqueza progressiva em seu lado direito, o que acabou resultando em uma perda de reflexos de seus bíceps e tríceps. Antes de exame, a criança e sua família próxima havia sido atingido com um resfriado, que é comumente causada por um tipo de enterovírus chamado de rinovírus. Embora o paciente se recuperou do frio, ela continuou a sentir dor no braço direito, do ombro começou a cair e ela lutou para usar sua mão direita.
Na sequência da admissão, uma amostra de fluido espinhal foi tomada para exame, que acabou por ser negativo para enterovírus, mas testes posteriores de um swab nasal revelou que ela estava infectada com enterovírus C105. Esse foi um achado surpreendente, dado o fato de que esse vírus só foi identificado em 2010, e os pacientes eram do Peru e da República do Congo.
Parece que C105 pertence a uma série de subespécies enterovírus C recentemente identificados, mas a maioria delas têm sido associados a doenças respiratórias. O vírus isolado na República do Congo, no entanto, foi encontrada em doentes com paralisia flácida aguda fatal.
A detecção do C105 em os EUA também indica uma presença em todo o mundo, o que poderia ser problemático porque estes subespécie detectados recentemente mostram grande variação genética da região alvo normalmente por testes. Isso poderia explicar por que, portanto, 80% das crianças norte-americanas envolvidas no surto de paralisia flácida aguda foram negativos para D68, como é possível que eles estavam infectados com o C105 em vez, mas não foi pego por testes convencionais. No entanto, a situação é ainda mais confusa com o facto de que nenhum dos pacientes nos Estados Unidos tinha enterovírus no seu fluido espinal, o que seria de esperar se o vírus está a causar o aparecimento de sintomas neurológicos. Na ausência de tais provas, o júri é ainda para fora sobre se enterovírus são responsáveis ​​pelo surto.

30 junho 2015

Ciclo de eventos lembra os 21 anos da erradicação da pólio

A Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) promove no dia 7 de julho, às 10h, a palestra História da Poliomielite e da Síndrome Pós-Pólio na Espanha, que será ministrada pelo médico e historiador Juan Antonio Sanchez, da Universidade de Salamanca (Espanha). O evento acontece no campus da Fiocruz em Manguinhos, no Rio (Av. Brasil, 4036 – Prédio da Expansão – Sala 401).
A palestra é a primeira atividade do ciclo de eventos Pólio Nunca Mais: 21 Anos da Erradicação da Poliomielite no Brasil, que acontece de julho a outubro. Realizados para comemorar o fim da transmissão dos vírus selvagens da doença no País e lançar um olhar sobre o processo histórico que resultou no seu controle, os eventos visam discutir o combate à pólio no Brasil, a partir de uma perspectiva global.
Sanchez apresentará seus estudos recentes e traçará paralelos entre a experiência espanhola e a portuguesa na erradicação da enfermidade. Ele também vai analisar a luta política dos portadores da síndrome pós-pólio na Península Ibérica para que a doença seja reconhecida como tal. O professor discutirá ainda possibilidades metodológicas e teóricas para o campo da História das Doenças e da Saúde Pública.
Doença infecciosa cujas sequelas marcaram para sempre suas vítimas, principalmente as crianças, a poliomielite foi considerada erradicada do Brasil pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 29 de setembro de 1994 depois de um longo processo que envolveu diversos atores e instituições brasileiras e internacionais.
Confira a programação completa:
Pólio Nunca Mais: 21 Anos da Erradicação da Poliomielite no Brasil
7 de julhoPalestra: História da Poliomielite e da Síndrome Pós-Pólio na Espanha
Juan Antonio Rodriguez Sánchez, Universidade de Salamanca (Espanha)
20 de agostoEncontro às Quintas: As epidemias de pólio nos EUA nos anos 1916-1917
Naomi Rogers, Universidade Yale (Estados Unidos)
22 de setembroPalestra: A experiência da erradicação da pólio na Ásia Central
José Fernando de Souza Verani, Ensp/Fiocruz
Outubro (data a ser definida)Seminário e exposição: Pólio Nunca Mais

14 maio 2015

POLIOMIELITE VERSOS SÍNDROME PÓS POLIOMIELITE




Parece cada vez mais provável que a ameaça milenar da poliomielite em breve chegará ao fim.
No entanto, a sombra da poliomielite vai continuar por décadas, tendo um pedágio significativo sobre a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas.  A situação atual e as necessidades futuras são ainda desconhecidas. Suas vidas serão limitadas e não por sua deficiência, mas as ramificações médicas e sociais de sua deficiência, o estigma, a marginalização social e barreiras para recursos, tais como assistência médica, educação e emprego, que irá resultar em pobreza, falta de escolha e a negação dos direitos humanos fundamentais.
Pesquisa e advocacia, bem como programas e políticas, são necessários para maximizar a saúde de forma mais eficaz aos sobreviventes da pólio e bem-estar, promovendo uma maior participação e inclusão social.
A erradicação da poliomielite é um campo de provas, um teste. Ele vai revelar o que os seres humanos são capazes de fazer, e sugerir como ambicioso que pode ser o nosso futuro. No entanto, argumenta-se que esta afirmação é igualmente relevante para aqueles enfrentando as consequências incapacitantes da poliomielite. A batalha contra a poliomielite não será vencida até que a comunidade global possa garantir aqueles que vivem com as consequências incapacitantes da poliomielite que suas necessidades serão atendidas e os recursos serão disponibilizados para que possam funcionar plenamente e livremente nas sociedades em que vivem - agora e nas décadas que virão.
Para contribuir com a questão pública, pauto alguns pontos importantes no dia a dia do paciente acometido pela Síndrome Pós Poliomielite:
Distribuição de SCOOTER MOTORIZADO aos Pacientes acometidos pela Síndrome Pós Poliomielite com indicação medica para quem precisa se locomover de forma independente e confortável, com o mínimo de esforço em virtude do agravamento dos sintomas de degeneração e fadiga.
Distribuição de medicação de primeira geração para o controle das dificuldades degenerativas, fadigas e outros sintomas da Síndrome Pós Poliomielite.
Reforça a divulgação em âmbito nacional da Revisão e Atualização da Organização Mundial de Saúde, realizada na Classificação Internacional de Doenças, versão 10 (CID-10), concedeu um lugar especial Síndrome Pós Poliomielite (SPP), classificando-o no âmbito do "G14" tornando-se parte das doenças do sistema nervoso central.
Divulgar e considerar como centro de referencia o trabalho desenvolvido por pesquisadores brasileiros na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina (EPM) o qual criou o primeiro Ambulatório Especializado em Síndrome Pós Poliomielite na América Latina, sob a responsabilidade do Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, Chefe do Setor de Investigação em Doenças Neuromusculares.

08 maio 2015

Síndrome dificulta rotina de quem teve poliomielite


São Paulo, quinta-feira, 13 de novembro de 2003     -

Sintomas como cansaço e dores musculares surpreendem os pacientes anos depois da doença e confundem até os médico.
 Marcelo Barabani/Folha Imagem  

 Bernardete Olivério sentia dor e fraqueza 



DANIELLE BORGES
DA REPORTAGEM LOCAL



Há cinco anos, o clínico-geral Roberto Seixas, 53, começou a se sentir mais cansado. O corredor do hospital que ele percorria diariamente passou a parecer cada vez mais longo. "Precisava parar para descansar. Sentia muita fraqueza e cansaço", diz ele. Mesmo sendo médico, Seixas precisou pesquisar para descobrir que estava com síndrome pós-pólio, problema que acomete pessoas que, como ele, tiveram poliomielite. Embora o médico francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), considerado um dos pais da neurologia moderna, já chamasse a atenção para a síndrome em 1876, pouco se sabe sobre ela. Até no meio médico a síndrome permanece desconhecida, e seus sintomas -dores musculares, cansaço, fadiga e alterações no sono- são facilmente confundidos com estresse. Isso é um complicador para boa parte dos pacientes que tiveram pólio há 20 ou 30 anos e imaginam ter superado as limitações que a doença lhes infringiu. Uma pesquisa realizada pelo setor de doenças neuromusculares da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) aponta que entre 60% e 80% deles sofrem com a síndrome pós-pólio atualmente, mas é difícil chegar ao diagnóstico correto, o que incentivou os próprios pacientes a se organizarem (leia mais na pág. ao lado). Um exemplo da falta de informação é o caso da professora Bernardete Estrela Olivério, 48. A pólio que ela teve aos noves meses de idade causou problemas no desenvolvimento na perna direita. Após anos de fisioterapia, em 1997, ela começou a sentir dores no membro afetado pela doença. Em nenhum momento, porém, a professora relacionou esses sintomas com a pólio. "Comecei a sentir fraqueza para andar até que, um dia, não consegui sair do lugar", relembra. Depois disso, Olivério começou uma via-sacra de cinco anos por consultórios de neurologistas e ortopedistas. "Todos faziam perguntas sobre meu histórico de saúde, mas nenhum mencionou a síndrome." A resposta veio quando ela leu um artigo assinado por Seixas. "Eu me identifiquei com todos os sintomas descritos por ele."
 
Hipótese
A medicina ainda não chegou a uma conclusão sobre o que causa a síndrome pós-pólio. De acordo com uma tese que tem sido aceita nos últimos anos, a doença pode estar associada à morte, por esgotamento, dos neurônios responsáveis pelo movimento. "Com a poliomielite, boa parte dos neurônios motores morre, e os que sobram são condicionados a trabalhar por três ou até por cinco neurônios", explica Berenice Cataldo, do Ambulatório de Doenças Neuromusculares da Santa Casa de São Paulo. "As primeiras manifestações da síndrome são a fadiga e a fraqueza muscular, como se as fibras estivessem perdendo a força", diz Rogério Carvalho de Castro, ortopedista da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente). No entanto esses sintomas nem sempre são suficientes para que o paciente procure um médico. "Muitos confundem a síndrome com estresse, e até os médicos têm dificuldades para fazer o diagnóstico", afirma Acary Bulle de Oliveira, chefe do setor de doenças neuromusculares da Unifesp. Segundo Oliveira, a falta de intimidade com a síndrome é fruto da falta de interesse dos profissionais na área. "Quando houve a epidemia de pólio [leia mais lago abaixo], muitos médicos se especializaram na doença, mas poucos continuaram pesquisando o assunto." Por conta das poucas pesquisas existentes sobre a síndrome pós-pólio, a medicação indicada aos pacientes é apenas paliativa. "Usamos medicamentos para aliviar os sintomas", afirma Oliveira.

Adaptação da rotina
Após o diagnóstico, pacientes da síndrome pós-pólio precisam adaptar sua rotina diária às limitações que a doença lhes impõe. "Fazia parte da mentalidade das pessoas exigir tudo de quem tivesse alguma sequela da pólio. Hoje, sabemos que esse não é o caminho", explica Oliveira.
A receita para os pacientes que tiveram pólio na infância é poupar o corpo. Segundo Oliveira, os pacientes devem prevenir o cansaço e esgotamento físico. "Não é indicado, por exemplo, subir e descer escadas, andar longas distâncias ou permanecer muito tempo de pé." Ele recomenda descansar um pouco após fazer qualquer tipo de atividade.
Prevenir o cansaço, porém, não significa tornar-se sedentário e eliminar os exercícios físicos do cotidiano. "Os exercícios devem ser feitos, mas com critério", diz Castro. Entre as atividades recomendadas pelos especialistas estão a natação e a hidroginástica.


Doença foi erradicada no Brasil?
O último caso brasileiro de poliomielite foi registrado em 1989. Cinco anos depois, a OMS (Organização Mundial da Saúde) concedeu ao Brasil o Certificado de Erradicação da Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem nas Américas.
No entanto o fato de a doença estar erradicada não significa que a vacinação seja desnecessária. "Pelo contrário. A doença está erradicada justamente por causa das intensas campanhas de vacinação, mas o vírus ainda circula pelo ambiente", afirma Acary Bulle Oliveira, chefe do setor de doenças neuromusculares da Unifesp.
A vacinação em massa, iniciada em 1961, foi responsável pela redução gradual dos casos de poliomielite, que ainda faz vítimas em países africanos e na Índia e causou a morte de milhares de pessoas em todo o mundo entre as décadas de 50 e 80. A doença, porém, é muito mais antiga. O primeiro registro que se tem das sequelas da pólio é uma peça egípcia, datada de cerca de 1.500 a.C.
"Os três vírus da poliomielite são transmitidos pelo contato com fezes ou secreções respiratórias", explica o infectologista Otávio Augusto Branchini, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas (SP).
Após o período de incubação, que varia de uma a duas semanas, a pessoa infectada tem sintomas parecidos com os de uma gripe comum: febre e dores musculares. Apenas 1% dos casos de pólio levam à paralisia de um ou mais membros, que é o maior perigo da doença. "O vírus pode iniciar um processo inflamatório que provoca a necrose das células da medula espinhal", diz Branchini. Essas células são responsáveis por comandar o movimento dos músculos.
Na fase aguda, a poliomielite evolui rapidamente da febre para a atrofia dos membros. A recuperação dos movimentos depende dos danos causados pela inflamação. "Pode levar meses e até anos, e o paciente pode não recuperar todas as habilidades perdidas", diz Oliveira.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1311200315.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1311200317.htm