METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAÇÃO
DA LITERATURA.
Foram consultados os referenciais teóricos e da prática clínica no
país. A pesquisa teórica deu-se nas bases de dados: Medline, LILACS, Cochrane
Database of Systematic Reviews, CINAHL (Cumulative Index to Nursing and Allied
Health Literature), Web of Science, PubMed e PEDro utilizando como
palavras-chave: “Síndrome Pós-Poliomielite”, “Síndrome Pós-Pólio”, “Poliomielite
e Síndrome Pós-Poliomielite”, “sintomas tardios da Poliomielite”, “fraqueza
muscular”, “marcha”, “dor pós-polio”, “dor muscular”, “fadiga”,
“funcionalidade”, “órteses”, “qualidade de vida”, “intolerância ao frio”,
“alteração do sono”, “problemas respiratórios”, “disfagia”, “disartria”,
“problemas de memória”, “ansiedade”, “depressão”, “fisioterapia”,
“reabilitação”, “Post Pólio Syndrome”, “Post-Polio Syndrome”, “Postpolio
Syndrome”, “Polio and Post Polio Syndrome”, “Late simptoms of polio”, “Late
effects of polio”, “muscle weakness”, “gait”, “Walking”, “Postpolio pain”,
“muscle pain”, “fatigue”, “functionality”, “orthoses”, “quality of life”, “cold
intolerance”, “sleep disturbance”, “respiratory problems”, “dysphagia”,
“dysarthria”, “memory problems”, “recente memory”, “anxiety”, “depression”,
“physiotherapy”, “physical therapy”, “rehabilitation”. As buscas foram feitas
sem restrição de ano, em língua inglesa e seu correspondente em português. O
referencial da prática clínica baseou-se na expertise de equipe
multidisciplinar da UNIFESP, pioneira na pesquisa e atendimento da SPP no país.
OBJETIVO
O objetivo desta diretriz é oferecer orientações às equipes
multiprofissionais para o cuidado à saúde da pessoa com Síndrome
Pós-Poliomielite nos diferentes pontos de atenção da Rede de Cuidados à Pessoa
com deficiência.
Espera-se que as Diretrizes de Cuidado à saúde da pessoa com Síndrome
Pós-Poliomielite contribua para a construção, mensuração e a manutenção de sua
saúde plena, bem como o desenvolvimento da sua autonomia e desenvolvimento
social. Deseja-se em última análise que o trabalho dos vários profissionais de
saúde em conjunto com a comunidade se concretize em uma vida digna, saudável e
plena.
INTRODUÇÃO
POLIOMIELITE
Erradicada no Brasil desde 1989 (último caso registrado no país), a
poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda, causada por um vírus que
vive no intestino, denominado Poliovírus. Embora acometa com maior frequência
crianças, pode ocorrem também em adultos.
O período de incubação da doença varia de dois a trinta dias sendo, em
geral, de sete a doze dias. A maior parte das infecções apresenta poucos
sintomas (forma subclínica) ou nenhum e estes são parecidos com os de outras
doenças virais ou semelhantes às infecções respiratórias como gripe - febre e
dor de garganta - ou infecções gastrintestinais como náusea, vômito,
constipação (prisão de ventre), dor abdominal e, raramente, diarréia. Cerca de
1% dos infectados pelo vírus pode desenvolver a forma paralítica da doença, que
pode causar sequelas permanentes, insuficiência respiratória e, em alguns
casos, levar à morte. Em geral, a paralisia se manifesta nos membros inferiores
de forma assimétrica, ou seja, ocorre apenas em um dos membros. As principais
características são a perda da força muscular e dos reflexos, com manutenção a
sensibilidade no membro atingido.
SÍNDROME PÓS-POLIOMIELITE (SPP)
Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) é uma doença do neurônio motor de
caráter degererativo e progressivo. Embora não se conheça totalmente a
etiologia, a causa mais aceita é a degeneração das unidades motoras
remanescentes, algumas gigantes (grande número de fibras musculares inervadas
pelo mesmo neurônio motor), formadas após a fase aguda da poliomielite. A SPP é
definida por um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem, geralmente, após 30
a 50 anos, no mínimo 15 anos após a infecção aguda da poliomielite.
Caracterizada, principalmente, por três sintomas principais: nova fraqueza
muscular, fadiga e dor.
A nova fraqueza muscular, afeta geralmente os músculos previamente mais
comprometidos, mas também pode afetar a musculatura aparentemente normal,
estando acompanhada ou não de fadiga e dor muscular e/ou articular.
Outros sintomas que podem estar presentes são: nova atrofia muscular;
disfonia; disfagia; insuficiência respiratória; transtorno urinário e fecal,
transtornos do sono associado ou não de cefaleia matinal; aumento de peso
corporal; intolerância ao frio; ansiedade; depressão; problemas de memória.
Tipos de SSP:
Pelo fato dos critérios diagnósticos incluírem diversos sinais e
sintomas, os subtipos de SPP têm sido propostos, mas no último consenso de
2000, ficou estabelecido que não existe base suficiente para uma classificação
específica.
NOMENCLATURA
Alguns termos foram propostos para denominar os novos sintomas
observados e relatados pelos pacientes, tais como:
1) falta de força por sobrecarga de trabalho;
2) começo tardio da insuficiência respiratória;
3) perda da capacidade ambulatória;
4) efeitos tardios da poliomielite;
5) Síndrome Pós-Poliomielite (SPP).
A diversidade de termos se dá devido à ausência de um teste
patognomônico (específico) além de entendimento incompleto da fisiopatologia
básica das novas complicações. Outra razão é que os indivíduos podem ter um,
dois, ou mais processos patológicos presentes ao mesmo tempo, produzindo
sintomas similares ou sobrepostos.
O termo Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) foi cunhado inicialmente pelos
próprios pacientes para descrever a variedade de sintomas inexplicáveis que
causavam dificuldades físicas e psicológicas, experimentadas muitos anos após
da instalação da poliomielite aguda. Com o passar do tempo o termo SPP foi
adotado pelos pesquisadores incluindo não só os novos sintomas neurológicos,
mas também outros problemas clínicos, ortopédicos, ou psiquiátricos que são
indiretamente relacionados com as deficiências no decorrer do tempo. SPP é um
termo mais heterogêneo, portanto, mais prático no cenário da clínica típica.
Contudo, não deve ser usado indiscriminadamente para todas as pessoas com
história de poliomielite paralítica com um novo comprometimento.
EPIDEMIOLOGIA
Segundo cálculos da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam
existirem vinte milhões de pessoas em todo o mundo com algum grau de limitação
física causada pela poliomielite.
Estudos epidemiológicos mostram que cerca de 60% dos indivíduos com
sequela de poliomielite paralítica e 40% dos casos não paralíticos desenvolvem
a síndrome Pós-Poliomielite.
Segundo o censo de 2010 do IBGE, existem 4.979.623 brasileiros com
deficiência motora. Embora não se saiba o número de pessoas com sequelas
físicas decorrentes da poliomielite, essa população necessita acompanhamento
apropriado da equipe de saúde.
Abaixo, segue distribuição dos casos de sobreviventes da poliomielite
em alguns países:
Local
|
Nº de sobreviventes
|
Estados
Unidos da América
|
640.000
|
Canadá
|
50.000
|
Inglaterra
|
250.000
|
Alemanha
|
119.000
|
França
|
50.000
|
Suíça
|
20.000
|
Irlanda
|
7.500
|
Austrália
|
40.000
|
Japão
|
36.000
|
Brasil*
|
26.827
|
Nota: * casos notificados entre 1968 a 1989 (GT-Polio/CNDI/CENEPI/FNS/MS.1994)
Inúmeros estudos têm tentado estimar a prevalência da Síndrome
Pós-Poliomielite. Entretanto, devido às diferentes definições e metodologias aplicadas
em cada um destes estudos, a prevalência tem sido estimada entre 25% e 80%
entre os pacientes que apresentaram poliomielite paralítica, sendo que nos
casos de poliomielite tardia, a prevalência é de 82,4%.
O período de estabilidade funcional (período compreendido entre a
máxima recuperação funcional após a poliomielite aguda e a nova fraqueza
muscular, fadiga muscular e atrofia caracterísitca da SPP, também denominado
“platô de estabilidade”) é também variável nos estudos. O menor período
encontrado em estudos foi de 08 anos e o maior de 71 anos, sendo a média de 35
anos.
Entretanto, o menor período estabelecido no último consenso para os
critérios diagnósticos é de 15 anos.
Estudo de seguimento com irmãos gêmeos mostrou que a instalação de nova
fraqueza muscular ocorre em 71% dos casos paralíticos e em 42% dos casos não
paralíticos.
FATORES DE RISCO
Em geral, uma história de poliomielite aguda grave está relacionada a
um risco maior para o desenvolvimento da SPP, contudo uma parcela dos pacientes
que apresentam um quadro típico dos sintomas da SPP teve história de
poliomielite aguda leve com uma excelente recuperação clínica.
Alguns fatores estão associados à nova fraqueza progressiva como:
• Inicio tardio da infecção;
• História de hospitalização (decorrente da poliomielite);
• Uso de suporte ventilatório (decorrente da poliomielite);
• Envolvimento paralítico em todos os membros;
• Fraqueza intensa na época da poliomielite aguda;
• Aumento recente de peso;
• Dor muscular associada ao exercício;
• Maior idade e tempo manifestação clínica.
Alguns fatores estão associados ao início precoce da Síndrome Pós- póliomielite:
• Pacientes com formas de paralisias mais graves;
• Poliomielite aguda em idade mais avançada;
• Problemas bulbares ou respiratórios precoces ocorrem em pacientes com
perda de força residual na musculatura bulbar e respiratória.
CLASSIFICAÇÕES
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
à Saúde (CID-10)
A CID é publicada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) usada mundialmente
fornece códigos relativos à classificação de doenças e de uma grande variedade
de sinais, sintomas, aspectos anormais, queixas, circunstâncias sociais e
causas externas para ferimentos ou doenças. É sistema de codificação
reconhecido oficialmente em nosso país, sendo utilizado na clínica e em
pesquisas, fornecendo estrutura etiólogica.
Códigos relacionados à fase
aguda da poliomielite:
CID – A80 - Poliomielite aguda;
CID – A80.0 – Poliomielite paralítica aguda associada a vírus vacinal;
CID – A80.1 – poliomielite paralítica aguda vírus selvagem importado;
CID - A80.2 - poliomielite paralítica aguda vírus selvagem indígena;
CID - A80.3 - poliomielites paralíticas agudas outras e as não
especificadas;
CID – A80.4 – poliomielite aguda não paralítica;
CID – A80.9 – poliomielite aguda não especificada.
Código relacionado a SPP:
A SPP está classificada no Capítulo VI - Doenças do Sistema Nervoso
Central
– Atrofias sistêmicas que afetam primariamente o sistema nervoso
central.
CID – G14 – Síndrome Pós-Poliomielite
Outros Códigos realacionados à Poliomielite Aguda:
CID – Z24.0 – Necessidade de imunização contra a poliomielite Considerando-se
a diferenciação entre as entidades nosológicas, o diagnóstico de Síndrome
Pós-Poliomielite exclui o de Sequelas de poliomielite e Osteopatia após
poliomielite e vice-versa.
Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)
A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
(CIF) faz parte do conjunto de classificações da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Sua última versão foi aprovada pela OMS em 2001.
A CIF é um sistema de classificação funcional que traz as dimensões das
atividades (execução de tarefas ou ações por um indivíduo) e da participação (ato
de se envolver em uma situação vital) de cada pessoa, bem como os qualificadores
de desempenho (aquilo que o indivíduo faz no seu ambiente atual/real) e de
capacidade (potencialidade ou dificuldade de realização de atividades) nas
seguintes áreas:
• aprendizagem e aplicação do conhecimento;
• tarefas e demandas gerais;
• comunicação;
• mobilidade;
• cuidado pessoal;
• vida doméstica;
• relações e interações interpessoais;
• áreas principais da vida;
• vida comunitária, social e cívica.
A CIF permite a identificação de facilitadores e barreiras entre os
fatores ambientais (físico, social e de atitude) peculiares a cada pessoa em
diferentes momentos da vida:
• produtos e tecnologia (por exemplo: medicamentos e próteses);
• ambiente natural e mudanças ambientais feitas pelo ser humano (por exemplo:
estímulos sonoros);
• apoio e relacionamentos (por exemplo: profissionais de saúde);
• atitudes (por exemplo: de membros da família imediata);
• serviços, sistemas e políticas (por exemplo: sistemas de educação e treinamento).
A utilização da CIF na classificação dos indivíduos com Síndrome Pós- Poliomielite
garante aos mesmos o direito de transitar por diferentes condições funcionais,
explicitando os benefícios decorrentes da assistência oferecida pelo sistema de
saúde, dando destaque às ações de reabilitação. Oferece também uma alternativa
factível a avaliação da qualidade dos serviços prestados às pessoas com
deficiência.
Pelo exposto, estas diretrizes, em consonância com a resolução da OMS WHA54.21,
que preconiza o uso dessa classificação nas pesquisas, vigilância e relatórios,
prioritariamente na área de saúde pública, recomenda que os profissionais de
saúde utilizem a CIF para acompanhamento do estado funcional da pessoa com SPP.
DIAGNÓSTICO
Detecção
A identificação dos pacientes pode ser feita em qualquer ponto de
atenção da rede, por qualquer profissional de saúde. Para tanto, é necessário
que, tanto as informações sobre o diagnóstico, quanto as informações sobre
fatores de risco, classificações, avaliação clínica e possibilidades de
tratamento estejam bem difundidas entre os profissionais de saúde,
proporcionando uma maior resolutividade e qualidade de atendimento ao usuário
com Síndrome Pós-Poliomielite.
Unidades básicas de saúde, ambulatórios, hospitais, laboratórios,
centros de referência especializados em reabilitação devem estar aptos a
atender o paciente com SPP, identificando os possíveis casos, prestando os
primeiros cuidados ou referenciando-os aos serviços especializados.
A pessoa com sequela de poliomielite apresenta paralisia (músculo sem nenhum
grau de força muscular) ou paresia (fraqueza com algum grau de força muscular),
flácida (membro plégico ou parético amolecido) e atrofia assimétricas (um
membro sempre é mais comprometido que o outro). Os membros inferiores
geralmente são os mais comprometidos. Pela flacidez muitos pacientes usam
aparelhos ortopédicos.
Na SPP a pessoa apresenta queixa de diminuição da força muscular tanto
em musculatura já afetada pela poliomielite ou musculatura aparentemente não afetada.
A instalação da fraqueza geralmente é lenta; a instalação abrupta pode ocorrer
quando há período de imobilização.
Um aspecto a ser considerado é que algumas pessoas quando questionadas não
identificam sua paralisia ou paresia com o nome “poliomielite” e sim com “paralisia
infantil (PI)”.
Diagnóstico Clínico
O diagnóstico da SPP é baseado na clínica com critério de inclusão e
exclusão.
Não há nenhum teste sorológico, enzimático, eletrodiagnóstico ou
biópsia muscular que possa diagnosticar com certeza a SPP. Consequentemente, é essencial
que se colha de cada paciente uma história minuciosa e se faça um exame físico
cuidadoso junto com exames laboratoriais e radiológicos apropriados para
excluir outras condições médicas, neurológicas ou circunstâncias ortopédicas
que possam estar causando ou agravando os sintomas que o paciente sente.
A avaliação de um indivíduo com história de poliomielite, que está apresentando
novos problemas de saúde, representa um desafio para o profissional de saúde
devido ao número, complexidade e diversidade dos sintomas, a ausência de testes
diagnósticos específicos, a incerteza da causa de base e a falta de
medicamentos ou tratamentos curativos.
Critérios Diagnósticos
Atualmente, há dois consensos estabelecidos sobre os critérios
diagnósticos: o primeiro, elaborado em 1991 e adotado pela European Federation
of Neurological Societies (EFNS) é conhecido como Critérios de Halstead, já o segundo,
de 2000 (último consenso), recomendado pela March of Dimes Birth Defects
Foundation (Comitê de cientistas de vários países) e adotado no continente
americano é conhecido como “Critérios de March of Dimes”. Os critérios podem
ser observados no quadro abaixo:
Critérios Diagnósticos
|
European Federation of Neurologic al Societies
|
March of Dimes Birth Defects Foundation.
|
Poliomielite
paralítica prévia
|
SIM
|
SIM
|
Período de
recuperação funcional parcial ou completa após a poliomielite paralítica
aguda, seguida de um intervalo de estabilidade de função neurológica
|
SIM
|
SIM
|
Início gradual ou
súbito de nova fraqueza muscular
|
NÃO
|
SIM
|
Pelo menos dois dos
seguintes sintomas após período de estabilidade (fadiga, dor muscular ou
articular, nova fraqueza em musculatura previamente afetada ou não,
intolerância ao frio, perda funcional, nova atrofia)
|
SIM
|
NÃO
|
Exclusão de outros
problemas neurológicos, médicos e ortopédicos que possam explicar os novos
sintomas
|
SIM
|
SIM
|
Persistência dos
sintomas pelo menos por 1 ano
|
NÃO
|
SIM
|
Nova fraqueza
neurogênica acompanhada ou não de fadiga excessiva, dor muscular, dor
articular ou diminuição do endurance
|
SIM
|
NÃO
|
Nova Fraqueza
Neuropatia (compressão, inflamatória, infecciosa, endócrina), radiculopatias
(compressão, inflamatória, infecciosa, radiação), mielopatia (compressão,
estenose do canal medular, tumor, vascular);
Atrofia muscular
Desuso;
Fadiga
Anemia, câncer, cardiopatia, diabetes melito, doenças renais, doenças hepáticas,
hipotiroidismo;
Dor muscular e/ou articular
Fibromialgia, paratendinite / tendinose, bursite, entesite;
Transtornos do Sono
Apneia, movimentos periódicos dos membros, hipoxemia.
Doenças neurológicas que podem
apresentar sintomatologia parecida com a SPP:
Esclerose Múltipla; Acidente Vascular Cerebral; Doença de Parkinson;
Esclerose Lateral Amiotrófica; Mielopatias; Síndrome da Cauda Equina;
Síndrome de Guillain-Barré; Polirradiculoneuropatia Desmielinizante
Inflamatória Crônica (PDIC);Amiotrofia Diabética; Miastenia Grave;
Miopatia
Inflamatória; Distrofia Muscular; Miopatia Metabólica.
A atrofia por desuso está intimamente relacionada a lesões traumáticas,
condições clínicas graves, cirurgias e ganho de peso.
Co-morbidades:
Dentre as condições secundárias relacionadas com a poliomielite
paralítica prévia que podem contribuir para uma diminuição das atividades
funcionais na vida diária destacam-se:
• Escoliose;
• Hérnia de disco;
• Osteoartrose;
• Insuficiência respiratória;
• Pneumonia aspirativa;
• Disfagia;
• Desordens gastro-intestinais (refluxo);
• Desordem do trato urinário.
Determinar quais enfermidades co-existentes acompanham a doença de base
é o que faz com que o tratamento tenha o devido sucesso. Sem isso, as chances
de um subdiagnóstico ser eleito são muito grandes, o que leva a um subtratamento.
Exames Complementares
Exames laboratoriais e avaliações indispensáveis para a SPP:
• Geral: Hemograma Completo; Determinação de Velocidade de Hemossedimentação
(VHS); Dosagem de Proteína C Reativa
• Avaliações Endócrinas: Glicemia capilar, Dosagem de T4 e Dosagem de TSH;
• Função Renal: Dosagem de Ureia, Dosagem de Creatinina e Análise de Caracteres
físicos, elementos e sedimentos da Urina;
• Função Hepática: Dosagem de TGO, TGP, Gama GT, bilirrubina total e frações,
determinação de tempo e atividade de pró-trombina;
• Função Cardíaca: Eletrocardiograma, Radiografia de tórax, ecocardiograma;
• Função neuromuscular: Dosagem de Creatinoquinase (CPK) e Eletroneuromiograma
(ENMG);
• Avaliação nutricional / metabólica: Dosagem de ferro sérico,
transferrina, ferritina, vitamina B12, colesterol, trigliceridios e frações e
eletroforese de proteínas;
• Função pulmonar: Espirometria;
• Avaliação Ortopédica: Radiografia e escanometria
• Avaliação Reumatológica: Pesquisa de Anticorpos Antinucleo (FAN), Pesquisa
de Fator reumatóide, Anticorpo Anti-SSA (RO), Anticorpo Anti-SSB (LA), Dosagem
de Ácido Úrico;
• Estudo do Sono: Polissonografia
Solicitados de acordo com o
quadro clínico apresentado:
• Biópsia de músculo;
• Ultrassom (abdome, partes moles);
• Tomografia Computadorizada
(crânio, coluna);
• Ressonância Magnética (crânio, coluna, quadril, joelhos).
AVALIAÇÃO CLÍNICA
A avaliação de pacientes com histórico de poliomielite que chega pela
primeira vez na Unidade de Atendimento deve ser realizada por equipe
multidisciplinar, em sete fases, a saber:
1) Triagem;
2) Avaliação multidisciplinar;
3) Exames complementares;
4) Exames subsidiários em caso de dúvida diagnóstica;
5) Confirmação diagnóstica.
6) Matriciamento
7) Acompanhamento multidisciplinar.
A coleta da História da Moléstia
Atual (HMA) abrange quatro aspectos contemplados nos critérios diagnósticos:
1) História da poliomielite aguda;
2) Recuperação funcional;
3) Estabilidade funcional;
4) Novos sintomas.
ASPECTOS CLÍNICOS
Nos últimos vinte anos muita pesquisa clínica e questionários foram
feitos baseados em levantamentos de indivíduos com Síndrome Pós-Poliomielite. A
partir dos estudos da década de 1980 e 1990, tornou-se cada vez mais claro que
há um conjunto comum de sintomas e queixas que foram frequentemente encontradas
nessa população.
Os sintomas mais comuns da SPP
são:
• Nova fraqueza ou aumento da fraqueza muscular;
• Fadiga;
• Dor muscular e articular;
• Novas dificuldades na realização das atividades da vida diária; particularmente
tarefas relacionadas com a mobilidade.
Outros sintomas incluem:
• Intolerância ao frio;
• Disfunção respiratória;
• Alterações do sono;
• Disfagia e;
• Dificuldades na fala.
Principais sinais e sintomas dos pacientes com SPP. Casuística
brasileira.
Sinais e Sintomas / clínica %
Nova Fraqueza 100
Ansiedade 82,9
Dor Articular 79,8
Fadiga 77,5
Dor Muscular 76,0
Distúrbio do Sono 72,7
Intolerância ao Frio 69,8
Cãibra 66,7
Desvio de coluna 59,7
Aumento de Peso 58,1
Fasciculação 52,7
Nova Atrofia 48,8
Cefaleia 48,1
Depressão 48,1
Problemas Respiratórios 41,1
Disfagia 20,9
Fonte: Quadros, Oliveira e Silva. 2005
Fraqueza Muscular
A nova fraqueza muscular, com ou sem atrofia associada, pode envolver
os músculos previamente afetados que foram parcialmente ou inteiramente recuperados,
ou os músculos que aparentemente não foram afetados pela infecção original da
poliomielite. A nova fraqueza é caracteristicamente assimétrica e é
frequentemente mais proeminente naqueles músculos que foram envolvidos na
doença aguda e que tiveram então uma boa recuperação.
Recomenda-se observar a permanência da fraqueza por menos de um ano e a
instabilidade articular principalmente em membros inferiores para diferenciar
da nova fraqueza muscular.
Fadiga
Fadiga é o segundo sintoma mais frequentemente relatado como sendo o
mais debilitante sintoma da SPP.
Fadiga é a sensação de exaustão e de capacidade diminuída para realizar
algum trabalho físico ou mental que a princípio seria facilmente realizado.
Muitas pessoas que apresentam SPP referem-se à fadiga como uma diminuição
da energia, indisposição para sair de casa, dificuldade em fazer trabalhos
repetitivos, cansaço excessivo, sonolência, falta de atenção e esquecimento,
podendo ser provocada ou exarcebada pela atividade física intensa e pelo
estresse emocional.
A fadiga na SPP parece apresentar-se sob duas formas distintas:
Fadiga Geral (central)
A fadiga geral (central) tem sido definida como “um sentimento
repentino de exaustão intensa”, uma mudança marcante no nível de energia física
e disposição mental que surge após mínima atividade; é relatada como sintomas álgicos
de gripe.
Geralmente, ocorre no final da tarde ou no início da noite e é
tipicamente causada pelo acúmulo de pequenas atividades que não requerem muito esforço
nem causam sequelas visíveis.
Sintomas que frequemente acompanham a fadiga são: fraqueza, fluxos de calor
e frio, e sudorese.
Tem sido apontadas como causas que contribuem para a fadiga geral:
• Dor crônica;
• Comprometimento respiratório;
• Depressão;
• Alterações do sono;
• Disfunção do sistema reticular ativador;
• Comportamento psicológico do tipo A (conduz a vida exigindo muito de si
mesmo, perfeccionista, grande realizador).
Fadiga muscular (periférica)
A fadiga muscular é referida como um declínio da força do músculo ou a
falta de resistência por causa do esforço.
Os indivíduos com SPP têm descrito a fadiga muscular como “uma sensação
de peso nos músculos”, “aumento da fraqueza física”, e um “aumento na perda da
força durante o exercício“. A força do músculo retorna, geralmente, após um período
do descanso.
As causas que contribuem para a
fadiga muscular podem incluir:
• Miopatia por “overuse”;
• Desproporção do tipo de fibra muscular do músculo (fibras musculares tipo
I – aeróbicas e fibras musculares tipo II – anaeróbicas);
• Função muscular defeituosa;
• Defeitos na transmissão da junção neuromuscular.
Dor
A dor nos músculos e nas articulações é o terceiro sintoma mais comum
na síndrome Pós-Poliomielite.
Visando facilitar o diagnóstico e tratamento da dor, Gawne et al
desenvolveram uma classificação que divide a dor em três categorias:
Dor Tipo I ou dor muscular pós- poliomielite (mialgia):
Ocorre somente nos músculos afetados pela poliomielite. É descrita como
uma dor profunda no músculo ou como uma dor ardente superficial – muitos indivíduos
a descrevem como similar àquela que experimentaram durante a poliomielite
aguda. É caracterizada por cãibras ou fasciculações ou sensação de formigamento
no músculo. Geralmente, ocorre à noite ou no fim do dia quando o indivíduo
relaxa, e é exacerbada pela atividade física, estresse e por baixas
temperaturas.
Dor Tipo II ou dor por excesso de uso (“overuse”):
Inclui injúrias nos tecidos moles, músculo, tendões, bursas e
ligamentos, um exemplo comum, citamos a tendinite do manguito rotador, bursite subdeltoidiana
e dor miofacial que ocorre mais frequentemente nos músculos da parte superior
das costas e dos ombros e é caracterizada por faixas de tensão muscular e de
discretos pontos gatilhos. Essa dor ocorre devido à alteração postural ou pela
biomecânica alterada.
Dor Tipo III ou dor biomecânica:
É a forma típica de dor mais relatada por indivíduos com história da
poliomielite paralítica. Apresenta-se nas doenças degenerativas articulares, ou
nas síndromes de compressão do nervo (síndrome do túnel carpo, trauma mecânico
no nervo ulnar ou no punho ou no cotovelo, radiculopatias cervical ou lombosacral).
A fraqueza nos músculos afetados pela poliomielite, a biomecânica
alterada, como também a alteração do mecanismo de movimento das articulações, tornam
as estruturas articulares mais suscetíveis ao desenvolvimento de doença
degenerativa, especialmente as dos membros inferiores.
Está geralmente associada com atividades específicas, tais como
exercício de levantamento de peso. É causada por longo tempo de microtraumas
pelas forças biomecânicas anormais, como também por injúrias resultantes de quedas.
A localização da dor está frequentemente relacionada às estratégias desenvolvidas
pelo indivíduo para se locomover.
Alterações do Sono
A frequência de alterações do sono em indivíduos com SPP é elevada.
Esses pacientes apresentam a eficiência do sono diminuída e despertares
frequentes, que podem ser devido a diversos fatores, dentre os quais podem-se
citar as contrações musculares espontâneas e frequentes chamadas de movimentos periódicos
dos membros. Um estudo realizado no Brasil por Quadros, Oliveira e Silva
mostrou que 73% dos pacientes estudados apresentavam queixa de alterações do
sono.
A apneia obstrutiva do sono (AOS), obstrução total ou parcial das vias aéreas
superiores durante o sono, representa um dos principais transtornos primários
do sono. As repetidas interrupções do fluxo aéreo (apneias) fazem com que haja
uma diminuição da saturação de oxigênio que se corrige com o despertar do sono.
As apneias obstrutivas podem ocorrer muitas vezes durante a noite, resultando
em um sono fragmentado. Estes constantes despertares podem resultar em
sonolência excessiva no período diurno. A AOS é também um fator de risco para a
hipertensão arterial, infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca e
acidente vascular cerebral (AVC). A apneia central do sono (ACS) foi relatada
apenas uma vez na literatura como transtorno de sono mais frequente de
pacientes com SPP. Estes apresentaram maior frequência de apneia do tipo
central durante o sono não REM e tiveram a forma bulbar a poliomielite como
predominante.
A hipoventilação alveolar crônica é a diminuição de fluxo aéreo na
periferia da árvore brônquica, onde se situam os alvéolos, alterando as trocas
gasosas.
Nos pacientes com SPP, ela é o resultado da restrição da caixa torácica
provocada pela escoliose, fraqueza dos músculos respiratórios, ou ambos.
Movimentos periódicos de membros (PLM) são caracterizados por episódios
de contração involuntária e repetitiva dos membros. Estudo realizado por Bruno e
por Frick mostra que dois terços dos pacientes com história da poliomielite relataram
que seus músculos se contraíram ou seus membros moviam-se durante a noite,
sendo que 33% se queixaram de que seu sono era prejudicado pelas contrações
musculares. Bruno e col. documentaram movimentos anormais durante o sono, como
movimento periódico dos membros e mioclonias generalizadas ou aleatórias que
prejudicavam o padrão do sono desses indivíduos.
Síndrome das pernas inquietas
(SPI):
A SPI é uma condição neurológica caracterizada por uma necessidade irresistível
ou urgência em movimentar as pernas associada a sensações desconfortáveis que
ocorrem nos membros inferiores. Estas sensações são muitas vezes descritas como
comichões, alfinetadas, formigamento ou incômodo, ocorrem em situações de
repouso e predominam no período noturno, especialmente quando o indivíduo se
deita para dormir. Os sintomas da SPI podem causar dificuldade para iniciar e
manter o sono ocasionando insônia e consequências diurnas como cansaço,
sonolência, irritabilidade, dificuldade de concentração e prejuízo na qualidade
de vida.
A SPI tem prevalência estimada entre 2,5 a 15% na população geral. Pode
ser primária ou estar associada a diversas condições clínicas como anemia por deficiência
de ferro, gestação, insuficiência renal crônica e neuropatia. Poucos trabalhos
relatam a associação da SPI com a SPP. Um estudo realizado por Marin e col.
demonstrou que 35% dos indivíduos com diagnóstico de SPP apresentam sintomas de
SPI de acordo com os critérios diagnósticos estabelecidos pelo Grupo
Internacional de Estudos em SPI, e que os sintomas de SPI geralmente iniciam
concomitantemente aos primeiros sintomas do desenvolvimento da SPP.
Vários mecanismos fisiopatológicos estão implicados no aparecimento de sintomas
da SPI, entre eles, disfunção dopaminérgica, alteração no metabolismo do ferro
cerebral e predisposição genética. Ainda permanece desconhecido o mecanismo
pelo qual sintomas de SPI acontecem na SPP.
Intolerância ao Frio
Muitos indivíduos com história de poliomielite convivem com a
dificuldade em tolerar baixas temperaturas, ou mesmo frescas ou frias. Lonnberg
e Wekre e col. mostraram que a sensibilidade ou intolerância ao frio foi
relatada por 46 a 62% dos pacientes com SPP. No estudo realizado no Brasil por
Quadros, Oliveira e Silva em uma amostra da população de SPP, 69,8% dos
indivíduos relataram maior sensibilidade ao frio. Outro estudo realizado por
Maggi e col., mostrou que a distribuição topográfica da intolerância ao frio
(IF) no grupo de indivíduos com sequela de pólio (SP) predominou, em 71% dos
indivíduos estudados, em todos os membros acometidos pela pólio. No grupo SPP,
49% dos indivíduos relataram sentir o frio incomodar no membro mais acometido (menos
funcional) e 13%, informaram maior envolvimento no membro menos acometido (mais
funcional). Os sintomas associados à IF encontrados foram: Dor em 43%,
diminuição da função 14%, e diminuição da força muscular 29% nos pacientes com
SPP. Insuficiência Respiratória.
Os distúrbios ventilatórios na SPP afetam mais comumente, aqueles
indivíduos que utilizaram ventilação mecânica na fase aguda da doença. Os
sinais e sintomas da disfunção respiratória podem incluir: dispneia de esforço
e/ou em repouso, dificuldade para realizar a higiene brônquica, fadiga e sonolência
durante o dia, função intelectual prejudicada (incluindo dificuldade de concentração),
fala entrecortada, ronco, ansiedade e cefaleia matinal. A cefaleia matinal é
indicativa de hipoventilação, cursando com hipercapnia, em geral, associa-se a
um maior índice de apneia-hipopneia do sono, e, PLM na SPP.
Disfagia
Disfagia é o termo usado para denominar todo transtorno de deglutição e
são relatados em uma parcela dos indivíduos com SPP. Estudos de Halstead e Rossi
e Lonnberg baseados em inquérito mostraram que de 6 a 22% dos indivíduos com
pós-poliomielite relataram que tinham dificuldades para deglutir.
Os estudos brasileiros realizados por Oliveira e Quadros, Oliveira e
Silva, 18 e 20,9% dos pacientes referiram problemas de deglutição,
respectivamente.
A poliomielite bulbar aguda parece predispor o indivíduo a ter déficits
na motricidade para falar e deglutir anos mais tarde. Também se tem sugerido
que os novos sintomas de deglutição podem aparecer na fase tardia da
poliomielite, independentemente do tipo da poliomielite aguda e se o indivíduo
teve ou não os sintomas de disfagia.
Disartria
A disartria consiste no transtorno motor da fala (dificuldade de
articular as palavras), sendo causada por alteração neurológica (injúria no
cérebro ou nos nervos cranianos), que podem resultar em paralisia, fraqueza, ou
incoordenação dos músculos dos lábios, língua, palato mole, laringe e ou do mecanismo
da respiração.
As queixas de alteração motora da fala segundo Sonies em indivíduos com
SPP incluem:
1) hipernasalidade (voz com som anasalado);
2) afonia intermitente;
3) diminuição do volume do som da voz;
4) rouquidão
A principal mudança na fala relatada por indivíduos com história da
poliomielite é o aumento da ressonância nasal. A fala anasalada é devida ao mau
contato do palato mole com a parede posterior da faringe, um pequeno “gap” no fechamento
velar da parede posterior, produzindo escapamento do ar na nasofaringe durante
a fala. O palato mole pode ser assimétrico ou hemiparético ou o músculo da
hipofaringe pode estar enfraquecido. A fraqueza dos músculos respiratórios e os
efeitos da fadiga em outros músculos frequentemente causam aumento da
rouquidão, intensidade ou volume diminuído, ou perda da voz.
Transtornos Esfincterianos
A incontinência urinária (IU), caracterizada pela perda involuntária de
urina pode ser classificada como IU de esforço (perda involuntária de urina sincrônica
ao esforço, espirro ou tosse), IU urgência (perda involuntária de urina
associada ou imediatamente precedida por urgência miccional) ou IU mista (perda
involuntária de urina associada com urgência e também com esforço, espirro ou
tosse) e causam grande problema social ou higiênico.
Acometem em maior número as mulheres, notando-se piora com o avançar da
idade.
Bexiga neurogênica é a perda da função normal da bexiga provocada pela lesão
em uma das regiões do sistema nervoso. Nas doenças neurológicas o equilíbrio
das pressões ureteral e do colo vesical, esfíncter externo e tensão da musculatura
pélvica, e pressão do detrusor está alterado, podendo causar uma micção
incompleta ou inesperada. Ela pode ser Hipoativa (não contrátil), comumente
decorrente da interrupção dos nervos que a inervam, isto é, o órgão é incapaz
de contrair e é incapaz de esvaziar adequadamente ou Hiperativa (espástica),
comumente decorrente da interrupção do controle normal da bexiga pela medula
espinhal e pelo cérebro, esvaziando por reflexos incontroláveis.
Embora seja relativamente rara a informação de comprometimento das
funções do assoalho pélvico em pacientes com SPP na literatura, podem ser observados
nestes pacientes os dois tipos de bexiga neurogênica, conforme a forma de
comprometimento dos moto neurônios, embora a forma espástica seja mais rara.
Os neurônios responsáveis pela inervação do assoalho pélvico são mais resistentes
ao processo de neurodegeneração. Entretanto, mesmo não sendo afetados diretamente
o ato de micção e de evacuação pode ser comprometido devido a fraqueza muscular
de membros e a dificuldade de transferência de uma cadeira de rodas, por
exemplo, para um vaso sanitário.
Embora frequentes e limitadores, os sintomas da disfunção do assoalho
pélvico são pouco referidos pelos pacientes com SPP sob forma espontânea, sendo
necessária a realização de uma anamnese dirigida.
Sexualidade e Intimidade
Embora a SPP não interfira diretamente na fertilidade, funções
relacionadas podem ser afetadas sob forma indireta, através de diversas
maneiras. Muitas medicações usadas no tratamento sintomático podem afetar a
libido, a ereção e o orgasmo. A fraqueza causa problemas de mobilidade, os
quais comprometem a expressão sexual. Barreiras físicas (uso de órteses,
máscara respiratória) podem criar medo em lesionar o(a) companheiro(a) e inibir
desejos normais. Há necessidade dos indivíduos com SPP terem um espaço adequado
para colocar estas questões, seus medos e anseios em relação à sexualidade.
Questões a serem valorizadas na
Avaliação Clínica
Na coleta da história da doença atual deve-se levar em conta a
experiência vivida pelos pacientes com história de poliomielite paralítica e
síndrome pós-poliomielite.
Os sintomas psicológicos mais observados em indivíduos com SPP são de depressão,
ansiedade e estresse crônico, e que interferem diretamente na qualidade de
vida.
Sabe-se que os indivíduos com história de poliomielite se deparam com a
necessidade de lidar com novos sintomas, deficiências e limitações, sendo que muitos
ainda não se recuperaram emocionalmente de forma total da realidade de ter tido
a poliomielite muitos anos atrás. Os indivíduos com história de poliomielite
relatam frequentemente que o início dos sintomas da síndrome pós-poliomielite
os forçou a recordar e examinar sua experiência na poliomielite aguda.
Experiência das pessoas com
poliomielite
A maioria dos indivíduos que tiveram poliomielite aguda teve nos
primeiros anos de vida precisando de longas internações, isolados e
submetendo-se a inúmeras cirurgias e a procedimentos médicos dolorosos.
Consequentemente, ficaram separados de suas famílias e amigos, e especialmente
as crianças vivenciaram esta separação com sentimentos de abandono e de
desamparo.
No retorno às atividades cotidianas e sociais, após a hospitalização e reabilitação
intensiva, se depararam com desafios sucessivos, não apenas por sua condição
física, mas também pelas barreiras que a sociedade impõe às pessoas com
deficiência e mobilidade reduzida.
Apesar disso, boa parte da população com história de poliomielite é bem
sucedida em sua carreira profissional e na vida, independente, autossuficiente e
produtiva, como meio de superar suas limitações, como modo de se integrar ao
seu grupo social.
Reação aos novos sintomas relacionados à SPP A experiência de sentir os
novos sintomas pode ser psicologicamente devastadora porque quando os sintomas
da SPP surgem, abrem-se janelas de memória de um período da vida que eles
acreditavam ter ficado para trás.
A reação frente aos novos sintomas é frequentemente de raiva, medo,
angústia e de confusão. O sentimento de medo está presente geralmente quando o indivíduo
prevê sua condição física e capacidades futuras – perda da independência,
habilidades físicas e mudanças no exercício profissional.
Muitos procuraram o auxílio dos profissionais médicos por anos sem
sucesso.
Devido à erradicação da poliomielite do país, poucos profissionais de
saúde têm tido hoje o treinamento ou a experiência em tratar indivíduos com
história de poliomielite. Muitos têm um entendimento limitado do aparecimento
dos novos sintomas.
FISIOPATOLOGIA
Para melhor abordagem na avaliação clínica e consequente confirmação do
diagnóstico clínico, necessário é o conhecimento da fisiopatologia da Síndrome Pós-poliomielite,
e para se entender a fisiopatologia da SPP, faz-se necessário recapitular o que
ocorreu durante e após a invasão do poliovírus (vírus que causa a poliomielite)
no sistema nervoso central, quando ocorreu a poliomielite paralítica.
Quando o poliovírus penetra nos neurônios motores (células do Sistema Nervoso
responsáveis pelo movimento), resulta num processo inflamatório que causa a
morte ou danos desses neurônios.
Seguindo a morte das células do corno anterior da medula e tronco
cerebral, ocorre degeneração walleriana (processo degenerativo na porção distal
à lesão) e as fibras musculares associadas a esses neurônios tornam-se “órfãs” (desenervadas),
resultando em alteração do padrão normal muscular, ocasionando fraqueza e
atrofia muscular. A localização e o grau da paralisia dependem do local, da
gravidade e da extensão da lesão neuronal.
Durante o processo de recuperação após a poliomielite paralítica aguda,
os neurônios motores restantes (sobreviventes) do tronco cerebral e da medula espinhal
podem elaborar novas ramificações ou brotamento axonal. Estes brotamentos podem
reinervar as fibras órfãs dos músculos que foram desenervados pela infecção
aguda da poliomielite, o que permite recuperação da capacidade de contração das
fibras dos músculos voluntários e, assim, melhorar a força.
O processo de recuperação funcional se dá pela plasticidade neuronal (capacidade
de remodelação com criação de novas sinapses), na unidade motora (composta de
um neurônio motor alfa e as fibras musculares inervadas por ele). O neurônio
motor sobrevivente pode se conectar às fibras musculares desenervadas,
aumentando assim sua unidade motora original, formando unidade motora gigante,
que permite a recuperação geralmente parcial em média 75%, mas também ocorrer a
recuperação total da força muscular.
O processo de formação de unidades motoras gigantes não só permite a recuperação
do quadro paralítico como também, após atingir o máximo dessa recuperação, a
permanência da funcionalidade física e neuronal, processo denominado de “platô
de estabilidade”. Os estudos de seguimento mostram que essa estabilidade não
permanece estável indefinidamente. Após um período, em média de 30 anos,
inicia-se o quadro característico da SPP, causada pela disfunção da unidade
motora gigante caracterizada por nova fraqueza muscular, fadiga muscular e
atrofia.
REABILITAÇÃO
Os indivíduos com SPP frequentemente experimentam um aumento cada vez maior
na dificuldade de executar suas atividades diárias devido à presença de nova
fraqueza, fadiga e dor. Os novos problemas ou problemas prévios que pioraram
são na área de atividades relacionadas com a mobilidade (tais como deambulação,
subir escadas, transferências), execução da higiene pessoal, estilo de vida e
emprego. As atividades antes realizadas sem nenhum problema, agora sempre há
novos desafios para os indivíduos com SPP executá-las.
Considerando-se a SPP como enfermidade crônica, multicausal,
multifatorial, associada com várias comorbidades, o seu tratamento dever ser
realizado de modo interdisciplinar e a partir da construção de projeto
terapêutico singular.
Condições relacionadas à SPP
O tratamento da SPP inicia-se com a realização do diagnóstico. Uma vez estabelecido,
as pessoas com SPP e seua familiares, devem ser orientados para que as medidas
terapêuticas sejam introduzidas. As bases fundamentais terapêuticas baseiam-se
em:
Mudança e aquisição de novos hábitos, com realização de atividade
física sob uma forma de poupar dispêndio desnecessário de energia;
Tratamento preventivo do comprometimento das unidades motoras;
Tratamentos sintomáticos, farmacológicos e não farmacológicos
juntamente com práticas integrativas (terapias alternativas) incorporados
dentro de um plano de tratamento, objetivando-se melhora de muitas funções ou
de alívio de sintomas limitantes.
O tratamento por equipe multidisciplinar é benéfico para todos os
pacientes com história de poliomielite, sendo importante equilibrar as
atividades funcionais com descanso, fazer uso correto de órtese e/ou meio
auxiliar de locomoção e controlar o peso quando necessário. Isto pode
contribuir para prevenir/reduzir o desenvolvimento de problemas futuros.
De uma forma geral, as principais orientações são baseadas nas queixas
e sinais clínicos limitantes que o paciente apresenta, bem como nas características
fisiopatológicas esperadas.
Não há, até o momento, qualquer pesquisa bem conduzida que demonstre eficácia
de medicamentos no processo de neuroproteção e ou de recuperação funcional. Os
medicamentos têm como objetivo principal o alívio dos sintomas limitantes.
As orientações práticas para os principais problemas que podem ocorrer
no dia a dia das pessoas que apresentam SPP, têm por finalidade melhorar a qualidade
de vida. Grande parte das sugestões descritas pode ser facilmente realizada, de
maneira simples, não exigindo material ou equipamento sofisticado.
Essas orientações não substituem o acompanhamento com a equipe multiprofissional.
Sempre que aparecerem novas queixas ou quando não houver melhora dos sintomas,
o paciente deve procurar o serviço de saúde mais próximo.
O programa de intervenção para pacientes com SPP deve ser elaborado conjuntamente
com a pessoa com SPP, pelo fato de que todo o indivíduo possui necessidades,
metas e interesses próprios.
TRATAMENTO DA FRAQUEZA MUSCULAR
DA PESSOA COM SPP
Reabilitação
A nova fraqueza ou o aumento da fraqueza muscular na SPP pode ser causado
pelo excesso de treinamento, desuso ou combinação desses fatores.
Deve-se preferir os exercícios nos quais o impacto sobre as
articulações são minimizados pois esse tipo de exercício trabalha a
musculatura, melhorando a funcionalidade ao mesmo tempo em poupa as
articulações de sobrecarga excessiva.
O paciente que apresenta nova fraqueza ou o aumento da fraqueza
muscular pode se beneficiar do tratamento fisioterapêutico através de um
programa de exercícios e atividades físicas terapêuticas individuais, visando a
correção do alinhamento postural, tratamento da dor, mobilização articular,
prescrição e treinamento no uso de órteses e meios auxiliares de locomoção.
O tratamento por meio dos exercícios terapêuticos (cinesioterapia)
pode-se associar também ao uso da massoterapia e técnicas de manipulação, à eletroterapia,
à termoterapia (calor ou frio) e às práticas integrativas.
Há considerável controvérsia a cerca da prescrição dos exercícios e
atividades terapêuticas para pacientes com SPP. Alguns estudos de caso apontam
para o aparecimento de fraqueza muscular advinda do treinamento muscular excessivo
nesta população. Outros estudos afirmam que há benefícios das atividades físicas
na manutenção e/ou aumento da resistência muscular e do condicionamento
cardiovascular das pessoas com SPP, desde que seguindo programas de atividades físicas
bem estruturadas e individualizados.
Na definição do plano terapêutico deve-se lavar em conta o grau de
fraqueza e assimetria dos membros, a presença de dor, fadiga, tolerância ao
exercício e desajustes posturais, bem como a condição clínica geral do
paciente, atentando-se aos seus objetivos pessoais, no sentido de oferecer o
tratamento de maneira segura e efetiva, aumentando os níveis de adesão ao
tratamento.
A reabilitação da fraqueza deve
abranger:
• exercícios de fortalecimento (isométrico, isotônico, isocinético);
• exercícios aeróbicos;
• exercícios de alongamento para diminuir ou prevenir contraturas;
• preparo para conservação de energia incluindo descanso, redução de
atividades e evitar o uso excessivo;
• perda de peso;
• prescrição de órteses e meios auxiliares de locomoção.
Os casos de fraqueza muscular decorrente de desuso podem beneficiar-se
de exercício de fortalecimento de baixa intensidade, não fatigante, ou
exercício aeróbico de baixa intensidade.
Recomenda-se:
Força muscular
Grau ≥ 3
Exercícios objetivando ganho de força muscular podem ser benéficos,
desde que usados com parcimônia.
Grau ≤ 3
Exercícios objetivando ganho de força muscular são maléficos, podendo
causar danos a fibra muscular.
Estudos têm apontado que o uso muscular excessivo em pessoas com
história de poliomielite paralítica tem sido a causa do aumento da fraqueza.
Deve-se atentar para o aparecimento de cãibras, dores musculares, fadiga e
espasmos musculares no intervalo de 24, 48 e 72 hs após o exercício e/ou atividade.
O aparecimento ou piora de um dos sintomas é indicativo de supertreinamento.
Na fraqueza decorrente do treinamento excessivo crônico e fadiga, a musculatura
requer descanso, devendo ser evitado o uso muscular excessivo.
Os pacientes devem ser estimulados a descansar e desenvolver atividades
leves (modificação de estilo de vida).
Como auxiliares para o descanso isolado de músculos fracos, devem ser empregadas
órteses adequadas. Devem ser evitadas atividades extenuantes, que produzam
declínio da resistência muscular.
Entretanto, músculos afetados pela pólio apresentam atrofia por desuso.
É essencial que as mudanças na resistência sejam monitoradas, após a prescrição
de descanso, diminuição de atividades e órteses.
As órteses são dispositivos auxiliares destinados a suprir ou corrigir
a alteração morfológica de um órgão, de um membro ou de um segmento de um
membro.
Destacam-se algumas razões para
a prescrição de órteses entre pacientes com SPP:
• reduzem a energia requerida para a marcha, por compensarem a fraqueza
muscular;
• aumentam o equilíbrio;
• melhoram o posicionamento e a estabilidade das articulações,
reduzindo a dor;
• equilibram a distribuição do peso – diminuem a sobrecarga de peso sobre
a perna mais fraca, e diminuem a carga de trabalho da mais forte;
• reduzem o risco de quedas e potenciais fraturas.
Os déficits biomecânicos mais
comuns, que requerem tratamento ortótico, são:
• dorsiflexão inadequada ao andar – decorrente da fraqueza dos flexores
dorsais do tornozelo. Pode ser tratado com uma órtese do tornozelo ao pé;
• dorsiflexão postural colapsada;
• hiperextensão do joelho – comumente causado por fraqueza do quadríceps.
A pessoa, geralmente, trava o joelho quando está andando para aumentar a
estabilidade do membro inferior. Na maioria das vezes, pode ser tratada com
órtese para o joelho ou, em pacientes com fraqueza mais grave, pode ser
necessária uma órtese que vá do joelho ao tornozelo;
• valgo do joelho;
• instabilidade mediolateral do tornozelo.
Meios auxiliares de locomoção
Para vários pacientes com história de poliomielite, o uso, por vários
anos, de muletas, cadeiras de roda manuais, e padrões de marcha assimétricos ou
anormais são a maior fonte de fraqueza, dor e fadiga. Embora o paciente possa experimentar
extrema dificuldade de locomoção, para ele pode ser difícil encarar mudanças ou
modificações do meio de locomoção que empregam.
Muitas vezes, a prevenção das incapacidades, e a restauração da função perdida,
requerem diminuição dos níveis quantitativos de marcha e de propulsão da
cadeira de rodas, incluido-se cadeiras motorizadas, e mudança para métodos que
não resultem em fraqueza, dor e fadiga Dentre os objetivos da prescrição de
suporte para locomoção estão:
• assegurar maior estabilidade no equilíbrio e reduzir o risco de
quedas;
• minimizar a fadiga e a energia exigidas para a locomoção;
• promover a melhoria da postura;
• aliviar a carga sobre as articulações.
Correção postural
O alinhamento postural fora do padrão em pacientes com história de
pólio paralítica pode, muitas vezes, ser atribuído ao desequilíbrio muscular.
As deformidades de postura podem levar à dor e à diminuição da eficiência energética
na prática de várias atividades. O tratamento das deformidades posturais, com
frequência, pode minimizar ou prevenir a dor e aumentar a resistência para
sentar-se, manter-se em pé, a marcha e demais atividades.
O tratamento de deformidades de postura pode ser obtido através dos exercícios
de fortalecimento e alongamento, cuidados com a coluna e uso correto mecânica
corporal evitando as posturas viciosas, prescrição de orteses, adaptações e
meios auxiliares de locomoção e programa para o controle do peso.
TRATAMENTO DA FADIGA MUSCULAR EM
PESSOAS COM SPP
Tratamento Medicamentoso
Entre as medicações utilizadas para o controle da fadiga muscular
incluem-se os antidepressivos (tricíclicos e inibidores da recaptação da
serotonina) e a amantadina.
Reabilitação
O aspecto mais importante no tratamento da fadiga é o preparo do paciente
para conservação de energia. A informação ao paciente sobre conceitos de
atividades funcionais, descanso e simplificação do trabalho podem ajudá-lo a
conservar seu condicionamento cardiopulmonar e a reduzir os sintomas da fadiga.
Na possibilidade de o paciente não se adequar ao tratamento, poderá se
beneficiar de outros princípios, como exercícios aeróbios.
Embora alguns pacientes possam estar sem condicionamento, a presença de
fadiga constante pode impedir a prescrição de um programa de treinamento aeróbio
modificado. Neste caso, a prescrição de descanso justifica-se ainda mais. Nos
casos em que a fadiga não pode ser reduzida por meio de diminuição de atividade
e descanso, podem ser necessárias mudanças significativas no estilo de vida
como, por exemplo, as mudanças de condições de trabalho e responsabilidades
domiciliares.
Em vários casos, a fadiga muscular, associada ao treinamento excessivo
de grupos musculares específicos, respondem bem ao descanso localizado da musculatura
e uso de órteses para oferecer proteção aos músculos e articulações. Em
decorrência, pode ser necessária a prescrição ou modificação de órteses e meios
auxiliares de marcha.
Desta forma, o tratamento da fadiga pode ser feito por meio do preparo
para conservação de energia e mudanças no estilo de vida, perda de peso,
órteses e meios auxiliares de locomoção e exercícios aeróbicos.
Para diminuição da fadiga o paciente deve ser orientado a:
programar as atividades diárias para evitar fadiga desnecessária.
Lembrar que programar as atividades também é uma forma de poupar energia;
finalizar ou concluir as atividades em períodos curtos ou dividi-las em
partes, como, por exemplo, ler um capítulo do livro de cada vez;
respeitar os limites do seu corpo durante um exercício físico;
adequar o ambiente em que vive. Subir escadas, somente quando necessário
e com o auxílio de corrimão;
evitar andar longas distâncias entre os cômodos da casa colocando os objetos
que mais utiliza em lugares mais próximos ou ter um cão treinado para ajudar
nas atividades diárias;
reservar períodos do dia somente para repousar, nem que seja por apenas
alguns minutos a cada hora;
esperar que o momento de fadiga acabe para iniciar outra atividade ou fazer
uma refeição. Isso evita que a fadiga piore;
evitar ficar estressado ou ansioso. O estresse e a ansiedade também pioram
a fadiga;
fazer as refeições sempre no mesmo horário e em quantidade adequada para
conservar a energia;
manter o hábito de dormir sempre no mesmo horário.
TRATAMENTO DA DOR MUSCULAR EM
PESSOAS COM SPP
Tratamento Medicamentoso
A dor deve ser bem interpretada para uma melhor orientação. As suas
causas podem ser de origem mecânica ou neuropática.
A dor de origem mecânica é a predominante, especialmente relacionada ao
compromentimento articular e músculo-tendíneo. Nestas situações preconiza-se o
uso de analgésicos, anti-inflamatório não hormonais e miorrelaxantes.
Estes medicamentos só devem ser usados com prescrição médica, pelo
tempo necessário, respeitando-se as doses máximas e interação com outras medicações.
Quando de origem neuropática, relacionadas com comprometimento medular,
radicular, ou dos nervos periféricos, o médico responsável poderá indicar medicamentos
que diminuam a despolarização da membrana nervosa como antidepressivos,
anticonvulsivantes e anti-arrítmicos.
Se houver persistência da dor ou se a sua intensidade for limitante, recomenda-se
acompanhamento em unidade especialzada para tratamento da dor.
Reabilitação
Nos pacientes com SPP, existem vários fatores que podem levar à
sensação de dor, por isso, é difícil encontrar apenas uma causa e apenas um
tipo de dor.
Seu tratamento, portanto, depende da etiologia e se baseia em vários princípios,
que podem ser complementados por recomendações específicas.
As principais causas de dor são: atividade física excessiva ou
inadequada, estresse, cãibras e frio intenso. A dor nos músculos e nas juntas
também pode ocorrer devido à mobilidade reduzida, ou seja, quando uma parte do
corpo tem o seu movimento limitado e por posturas inadequadas.
O tratamento por modalidades fisioterapêuticas tradicionais pode ser
útil nos casos de dor decorrente de lesão aguda. Frequentemente, mudanças no
estilo de vida com redução de atividades físicas e da biomecânica empregada
para a realização de determinados movimentos reduzem a dor. Essas estratégias podem
ser difíceis de serem alcançadas porque, muitas vezes, exigem que o paciente
desenvolva comportamentos diferentes daqueles que lhe são costumeiros. É
essencial alterar o ritmo e a intensidade das atividades e aprender novas
maneiras de obtenção de maior controle de quando e como as atividades podem ser
realizadas. Se essas estratégias não forem incorporadas à vida da pessoa, as
demais opções de tratamento podem não apresentar benefícios.
Os princípios básicos terapêuticos
abrangem:
• melhoria da mecânica corporal que foge aos padrões, tais como desvios
posturais e de marcha;
• alívio ou apoio para músculos e articulações enfraquecidos através do
emprego de órteses e meios auxiliares de locomoção;
• promoção das mudanças de estilo de vida que conservem energia e reduzam
o estresse.
Para alívio da dor o paciente
deve ser orientado a:
fazer alongamento na área dolorida conforme orientação;
evitar ao máximo tudo que aumenta a dor e é desnecessário, como o medo,
o cansaço, o barulho, o excesso de trabalho físico e mental;
reservar períodos de descanso ou sono;
mudar sempre de posição. Se trabalhar em local onde a necessidade de
ficar muito tempo sentado, reservar alguns minutos em cada duas horas para
caminhar, mesmo que dentro da própria sala;
utilizar técnicas de relaxamento, como acupuntura ou massagens;
massagear o corpo com hidratantes após o banho;
O tratamento para a dor na SPP
pode exigir:
• aplicação de modalidades terapêuticas, incluindo compressas quentes e
gelo;
• alongamento – para manter a flexibilidade muscular e dos tecidos conectivos;
• prescrição de órteses e meios auxiliares de locomoção;
• preparo relacionado a mudanças de estilo de vida, redução de
atividade e ritmo mais lento (ver a próxima seção, sobre mudanças de estilo de vida).
O tratamento relacionado ao uso excessivo de determinados grupos musculares
(“overuse”) e dores causadas por fatores biomecânicos podem solicitar:
• eletroterapia (TENS, ultra-som);
• aplicação de modalidades terapêuticas, inclusive calor e gelo;
• exercícios de fortalecimento;
• mobilização articular;
• relaxamento muscular e biofeedback;
• alongamento de tendões e tecidos moles, técnicas de relaxamento miofascial;
• hidroterapia;
• modificação do padrão de uso da musculatura,como por exemplo descanso
periódico;
• novo treinamento da postura e da mecânica corporal para minimizar o uso
excessivo e reduzir ou evitar a dor durante as atividades diárias de vida e
trabalho;
• ritmo mais lento nas atividades;
• uso de órteses e apoios para aliviar sintomas e prevenir posterior aceleração
do uso excessivo de articulações e músculos, visando controle conjunto de
deformidades em articulações debilitadas;
• prescrição de meios auxiliares de locomoção;
• tratamentos para fibromialgia – correção postural, medicação,
exercício aeróbio;
• cirurgia.
TRATAMENTO DAS ALTERAÇÕES DO
SONO
Tratamento Medicamentoso
O tratamento adequado dos distúrbios do sono, com melhora das condições
de sono, tem permitido uma diminuição das manifestações relacionadas à SPP, como
fraqueza muscular, fadiga e dor.
Para os quadros que evoluem com a síndrome das pernas inquietas (SPI), tanto
antagonistas dopaminérgicos quanto anticonvulsivantes (principalemente quando
existe dor associada) estão indicados. Nos casos onde existem os movimentos
periódicos dos membros (PLM) os antagonistas dopaminérgicos respondem
positivamente.
Se o indivíduo apresentar níveis de ferritina sérica menor que 50
ng/mL, indica-se a reposição com sulfato ferroso.
Tratamento com Ventilação
Mecânica Não Invasiva
Os usuários com SPP que desenvolvem apneia/hipopneia podem se
beneficiar da pressão positiva em vias aéras (BIPAP) através da ventilação
mecânica não-invasiva (VNI).
A VNI está indicada em caso de:
sintomas diurnos (fadiga, dispneia, cefaleia matinal), associados ao aumento
da PCO2 ou a redução da PO2, diurnos ou noturnos;
Apnéia obstrutiva do sono (índice de apneia e hipopneia > 15 eventos/hora)
hipoventilação noturna:
• SaO2 ≤ 88% por cinco minutos consecutivos;
• PETCO2 ≥ 50mmHg por 10% do tempo total de sono
A hipoventilação alveolar crônica é um importante fator limitante em
pacientes com SPP. A hipoventilação produz hipoxia noturna, que tem sido
reconhecido como fator preditor de sobrevivência, independente da fraqueza
muscular respiratória. Como em outras doenças neuromusculares, a VNI tem sido reconhecida
como fundamental no alívio dos sintomas respiratórios limitantes.
Em situações de diminuição da Capacidade Vital Forçada, próximo de 50%
do predito, já se recomenda introdução de terapia com respirador domiciliar não
invasivo. Respeitando-se a autonomia do paciente, a assistência ventilatória não
invasiva poderá ser feita sob máscara com aparelho de pressão positiva em dois
níveis (BiPAP). O ponto crucial da assistência ventilatória é a sua introdução
precoce que permite melhorar a qualidade e uma maior expectativa de vida de
pacientes com SPP.
Os ventiladores atuais são pequenos, portáteis e, relativamente, silenciosos,
permitindo-se o seu uso até em atividades de vida diária, evitando-se muitas internações
hospitalares ou em Unidades de Terapia Intensiva.
TRATAMENTO DA INTOLERÂNCIA AO
FRIO
O tratamento da intolerância ao frio é totalmente sintomático, podendo abranger:
• múltiplas camadas de vestuário – especialmente quanto colocadas primeiramente
sobre as extremidades afetadas e, depois, no restante do corpo;
• massagem (na direção distal/ proximal);
• emprego de aquecimento local por curto espaço de tempo (20 minutos ou
menos) – deve ser tomado cuidados especiais quando se usa calor (aquecimento)
em pessoas com sensação diminuída ou enfermidade vascular periférica.
TRATAMENTO DA INSUFICIÊNCIA
RESPIRATÓRIA
A avaliação respiratória deverá constar de:
• Anamnese inicial: para compreensão da fase de acometimento inicial da
doença e detecção dos sinais e sintomas de hipoventilação alveolar;
• Medidas de PI (pressão inspiratória) e PE (pressão expiratória) máximas:
para avaliar a força, endurance e resistência à fadiga dos músculos
respiratórios.
• Espirometria: utilizada com intuito de se determinar o tipo de
distúrbio ventilatório, podendo este apresentar-se como: padrão restritivo
grave (CVF < 50%), moderado (CVF entre 51 e 59%) e leve (entre o limite inferior
e 60% do predito). A espirometria poderá ser realizada na posição supina e
sentada. Na posição supina, em casos mais avançados com maior comprometimento
do diafragma, observa-se queda da CVF de até 20 a 25%.
• Oximetria de pulso (medida do nível de oxigênio no sangue): detecta
de forma precoce a hipoventilação alveolar ou comprometimento de troca gasosa.
Valores de normalidade estão em torno de 95%.
• Capnografia: utiliza-se um cateter nasal para mensurar o valor do CO2
expirado.
• Escala de Borg (adaptada para dispneia): mensura o grau de esforço respiratório
enfrentado pelo paciente no momento. A escala é numerada de zero a dez.
Constitui-se em importante instrumento de avaliação subjetiva de esforço.
• Polissonografia: é o exame considerado padrão ouro para detecção de distúrbios
respiratórios do sono e deverá ser indicada a todos os pacientes com SPP.
Corrobora com a avaliação pulmonar amiúde.
• Tosse: Medida do PFT (Pico de fluxo de tosse): a tosse é o principal mecanismo
de defesa pulmonar. O valor de normalidade para a população adulta é de 360
litros/min. É facilmente mensurado através de aparelho de pico de fluxo
expiratório. Pacientes com queixa de disfagia de moderada à grave apresentam
quedas significativas do PFT. A tosse ineficaz predispõe às infecções
respiratórias devido aos riscos de broncoaspiração.
As estratégias gerais de
tratamento abrangem:
• medidas preventivas (vacina contra pneumococo e contra a gripe);
• assistência ventilatória – de preferência, com métodos não invasivos;
• identificação e tratamento do transtorno do sono relacionado à respiração;
• treino da respiração glossofaríngea e tosse;
• treinamento dos músculos da inspiração;
• alongamento e relaxamento da musculatura respiratória e acessória;
• correção postural – tratamento da escoliose
• exercícios aeróbios
• perda de peso
Dentre as técnicas empregadas,
destacam-se:
• Air Stacking (empilhamento de ar);
• Respiração glossofaríngea (RGF);
• Técnica de assistência manual, mecânica ou combinada à tosse
TRATAMENTO DA DISARTRIA
O tratamento da disartria pode abranger:
• avaliação da musculatura bucal (lábios, língua, palato mole) e função
motora da fala, incluindo os parâmetros de respiração, fonação, ressonância,
articulação, prosódia e inteligibilidade da fala;
• aconselhamento relativo aos problemas motores na fala associados à SPP
e estratégias para promoção de sua inteligibilidade. Por exemplo, emprego de
sentenças mais curtas, redução do índice de fala ou evitar falar em ambientes
ruidosos;
• exercícios para melhorar o som anasalado da voz, qualidade e volume da
voz.
TRATAMENTO DA DISFAGIA
O tratamento da disfagia deve ser conduzido no contexto de equipe multidisciplinar
especializada na avaliação, diagnóstico e tratamento de distúrbios de
deglutição.
A intervenção do médico e fonoaudiólogo nos distúrbios de deglutição
abrange:
• avaliação clínica e/ou radiográfica da deglutição;
• avaliação complementar da deglutição;
• orientações gerais relativas às alterações observadas, tais como:
controle de volume, ritmo de oferta, postura, tempo ideal de refeição,
evitar distratores no momento de se alimentar (TV ligada, conversas,
ambiente inadequado), observar se há presença de resíduos
alimentares na boca após deglutir (comuns na SPP) do lado
comprometido e realizar a higiene adequada a fim de evitar riscos de
aspiração (desvio do alimento para o pulmão) posterior a deglutição;
• quando indicado, realizar mudanças na consistência dos alimentos alteração
da consistência dos alimentos e/ou líquidos, e fazer testes de manobras
compensatórias, ou de limpeza, ou mesmo de proteção para que receba o alimento
de forma segura e prazerosa;
• elaborar estratégias terapêuticas (exercícios) a fim treinar
musculatura participante do processo de deglutição, minimizar alterações.
Torna-se fundamental o tratamento da disfagia, pois esta pode trazer
riscos de complicações pulmonares, desidratação e desnutrição, com aumento de
risco de óbito.
TRATAMENTO VISANDO A REDUÇÃO DO
PESO CORPORAL
A terapia nutricional tem o objetivo de minimizar o desconforto e os
transtornos causados pelo ganho ponderal apresentado em 58% desses pacientes.
A redução de peso é um meio importante e eficaz de redução da carga muscular.
Na presença de dor, fadiga e fraqueza muscular, mesmo os aumentos relativamente
pequenos de peso corporal podem causar efeito significativo. Para muitas
pessoas com história de pólio, a perda de peso é um desafio, devido às
dificuldades que enfrentam para exercitarem-se. As normas relativas à
mensuração do peso corporal empregadas para o público em geral na maioria das
vezes são impróprias para aqueles que tiveram poliomielite e tem um
desenvolvimento músculo-esquelético prejudicado.
O ganho ponderal pode estar relacionado a vários fatores:
• aparecimento da nova fraqueza, que leva à diminuição das atividades
diárias;
• conservação da energia, na tentativa de diminuir o desgaste muscular;
• depressão;
• ansiedade.
O aconselhamento nutricional é essencial para assegurar que o controle
do peso seja incorporado como uma mudança permanente do estilo de vida, ao invés
de ser encarado como um programa de curto prazo.
Assim, os nutricionistas buscam através da avaliação nutricional, da
anamnese e do inquérito alimentar, determinar o grau de obesidade dos
pacientes, adequando uma dieta equilibrada, baseada em conceitos práticos
(pirâmide de alimentos), na tentativa de corrigir os erros alimentares,
atingindo o equilíbrio. A esse processo denominamos de Reeducação Nutricional.
PRESERVANDO FUNÇÃO INTESTINAL
O intestino é constituído por musculatura lisa e não estriada, portanto
não tendo a sua função afetada diretamente pela SPP. Entretanto, alterações na dieta,
falta de exercício físico, diminuição de ingesta hídrica, alteração na consistência
dos alimentos e fraqueza na musculatura abdominal podem ocasionar constipação.
As principais orientações para tratá-la consistem em:
• ingesta hídrica (6-8 copos por dia);
• aumento de fibras na dieta (cereais, frutas, sementes);
• atividade física sob a melhor forma possível;
• dieta laxante;
• substâncias que podem melhorar a eliminação, tais como óleo mineral ;
• tratamento específico da constipação com fleet ou com enema.
TRATAMENTO PARA O CONTROLE DAS
DISFUNÇÕES URINÁRIAS E FECAIS
Tratamento medicamentoso
No caso da bexiga Neurogênica, os agentes colinérgicos tem indicação
clínica.
Já para os casos de bexiga hiperativa, deve-se optar pelos agentes anticolinérgicos
e antidepressivos.
Tratamento Fisioterapêutico - Exercícios para a musculatura do Assoalho
Pélvico (A.P.)
os exercícios devem ser feitos diariamente duas vezes ao dia, sendo
três séries pela manhã e três à tarde;
para a realização dos exercícios recomenda-se começar com uma sustentação
da contração de três segundos e quando conseguir repetir sem cansaço 10 vezes,
recomenda-se passar para quatro, e depois cinco segundos e manter sempre esse
tempo. Esses exercícios também ajudam as mulheres na sustentação dos seus orgãos
pélvicos e na função sexual e os homens na função sexual.
Terapia Comportamental
Objetiva-se aumentar a capacidade da bexiga (armazenar um bom volume de
urina), recuperando a função de reservatório, e possibilitar o treinamento da
musculatura do A.P. para inibir o desejo miccional imperioso e a urgência
miccional.
Essa terapia deve ser realizada constantemente, adaptando a bexiga a uma
nova situação de enchimento, ao mesmo tempo em que se treina o fortalecimento
da musculatura do A.P., que como todos os músculos esqueléticos, requerem um
período de treinamento.
Treinamento vesical (da bexiga):
·
após acordar esvaziar a bexiga, sentar em local
que possa ficar por duas horas (computador, lendo, trabalhando ou assistindo
TV);
·
nesse período ingerir 200 ml ou 300 ml ou 400 ml
de líquido nos primeiros 10 minutos;
·
quantificar o volume urinado e observar todos os
sinais e sintomas que, eventualmente, possam aparecer (urgência, perda,
obstrução, dificuldade para esvaziar, etc.);
·
anotar o volume, caso haja perda, e
quantificá-la (gotas, colher de chá, colher de sopa, ½ copo, um copo ou tudo);
·
observar dia a dia se consegue aumentar o volume
urinado, diminuir a urgência e melhorar a perda urinária.
Afim de evitar noctúria (levantar à noite vàrias vezes para urinar), recomenda-se
restringir a ingestão hídrica após 19:00 horas.
Alimentação e função vesical
(Bexiga):
Para a urgência miccional, frequência urinária diurna aumentada,
noctúria e desejo imperioso de urinar, sugere-se:
Evitar
·
cerveja, leveduras em geral, bebidas gasosas
(refrigerantes / champagne), vinho, bebidas alcóolicas em geral, chás, gelatinas
com corantes, café (cafeína em geral);
·
abacaxi, morango, laranja, limão, feijão (a
massa), tomate, queijos maduros (amarelos),condimentos e avinagrados,
chocolates, carnes cruas ou defumadas;
·
cigarros.
Estimular o consumo de:
·
água mineral (sem gás), no lugar da água
filtrada;
·
alimentos básicos, no lugar de ácidos;
·
café descafeinado;
·
adicionar fibras à dieta;
·
comer pequenas porções, mais vezes ao dia.
Tratando a disfunção
esfincteriana
Dentre as medidas terapêuticas incluem-se:
·
medidas sócio-educativas;
·
toilete com assento mais elevado, com barras
paralelas de sustentação para facilitar a transferência;
·
exercícios para o assoalho pélvico;
·
eletroestimulação, biofeedback;
·
dispositivos de oclusão uretral;
·
tratamento farmacológico;
·
cirurgia;
·
injeções intrauretrais com lisado de colágeno
bovino;
Tratamento Não Farmacológico da Bexiga Hipoativa: compressão vesical externa
(Manobra de Credé) e a contração dos músculos abdominais; cateterismo
intermitente limpo preferível à sonda de demora.
Tratamento Não Farmacológico da Bexiga Hiperativa: restrição líquida
(1,5 litro/dia); evitar álcool, cafeína e nicotina e certos fármacos que têm
efeitos colaterais sobre o trato urinário, como por exemplo, os diuréticos e os
α bloqueadores; treinamento vesical para readquir o controle sobre o reflexo da
micção; tratamento fisioterapêutico com eletro-estimulação; cateterismo intermitente
limpo.
PRÁTICAS INTEGRATIVAS E
COMPLEMENTARES
Tratando-se de doença de caráter progressivo, sem medicamento que possa
interromper a sua progressão, SPP deve ser encarada como enfermidade para ser
tratada com práticas integrativas e complementares.
Alguns estudos tem demonstrado que paciente podem se beneficiar com as práticas
integrativas e complementares para o tratamento de sintomas da síndrome
pós-poliomielite.
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC), por exemplo, dispõe de técnicas terapêuticas
como a acupuntura, fitoterapia chinesa, dietoterapia, exercícios físicos e
meditação. Todas se baseiam nos mesmos princípios antômicos, fisiológicos e
fisiopatológicos, e visam a prevenção e cura das doenças e podem auxiliar no
tratamento da dor, fadiga e intolerância ao frio.
EXCELENTE ARTIGO
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