A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou, nesta segunda-feira,
23, a detecção no Brasil do vírus causador da poliomielite. O
poliovírus selvagem tipo 1, um dos sorotipos causadores da doença, foi
encontrado em amostras coletadas em março no esgoto do Aeroporto
Internacional de Viracopos, em Campinas.
A amostra é semelhante à coletada recentemente em um caso
isolado registrado na Guiné Equatorial. O risco de contaminação é
considerado “alto” no país, enquanto que no Brasil, a OMS avalia as
chances de o vírus se espalhar internacionalmente como “muito baixa”.
A poliomielite, que causa a chamada paralisia infantil em
crianças com menos de cinco anos, foi erradicada no Brasil em 1989. O
número de casos em todo o mundo caiu 99% desde 1988 devido ao grande
esforço dos países em combater a doença. Contudo, a OMS decretou, em
maio de 2014, estado de emergência de saúde pública no Afeganistão,
Iraque e Guiné Equatorial.
Identificação de amostra de poliovírus em vigilância de esgoto sanitário no aeroporto de Viracopos
Ministério da Saúde
O Ministério da Saúde acompanha a
situação epidemiológica da poliomielite no mundo e mantém o controle da
erradicação da doença com coberturas vacinais superiores a 95%. Desde
1990, não há circulação de poliovírus selvagem da poliomielite no
Brasil, resultado das políticas de prevenção e vigilância adotadas pelo
governo federal. Em 1994, o Brasil recebeu o certificado emitido pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) de erradicação da poliomielite.
Embora a doença tenha sido erradicada do Brasil, alguns países continuam detectando casos de poliomielite, como Síria, Paquistão, Afeganistão, Guiné Equatorial, Etiópia, Iraque, Israel, Somália e Nigéria, entre outros. Esta situação levou a OMS a declarar emergência mundial para garantir a mobilização de recursos e apoio internacional capazes de garantir que a erradicação global da doença seja alcançada.
O cumprimento da meta de cobertura vacinal para a doença há várias décadas garante a proteção do país contra a recirculação de poliovírus, que pode ser trazido por viajantes internacionais. Além disso, o Ministério da Saúde realiza, em parceria com estados e municípios, vigilância ativa de todos os casos de paralisia flácida aguda (PFA) em menores de 15 anos de idade, investigando cada notificação em até 48 horas e realizando coleta de fezes para pesquisar qual o agente etiológico causador. Como as PFAs podem ser causadas por diferentes tipos de vírus, entre eles o da poliomielite, esta vigilância fornece a segurança para que o país continue livre da circulação do poliovírus, pois qualquer reintrodução seria rapidamente detectada.
Em alguns países é recomendada, além disso, a pesquisa de poliovírus no meio ambiente, especialmente onde a cobertura vacinal é baixa e a vigilância não é adequada. O Brasil não se enquadra nesta situação, não havendo, portanto, recomendação para realização sistemática desse monitoramento do poliovírus no meio ambiente.
A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) participou do Programa de Colaboração com a OPAS de Erradicação da Poliomielite no Brasil, realizando o monitoramento ambiental entre 1973 e 1989. Com a eliminação da poliomielite no país, este monitoramento deixou de ser obrigatório. Desde 1999, no entanto, a Cetesb realiza esta pesquisa, junto com o monitoramento para outros agentes etiológicos no meio ambiente, em colaboração com a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Atualmente, mantém 10 pontos de coleta rotineira de esgoto para monitoramento.
Em 17 de junho de 2014, o Ministério da Saúde recebeu do laboratório de enterovírus da Fiocruz a confirmação de que foi isolado vírus selvagem da poliomielite pela Cetesb em amostra coletada em março de 2014 no esgoto sanitário do Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP). No mês de abril de 2014, os resultados do monitoramento de todos os pontos, inclusive no aeroporto de Viracopos, foram negativos, portanto, o resultado encontrado no mês de março foi um fato isolado, evidenciando que não há circulação do poliovírus selvagem na região. Os dados foram enviados para o laboratório global de referência da OMS para a poliomielite, tendo sido confirmado que o poliovírus é originário da Guiné Equatorial.
É importante esclarecer que esse achado não significa qualquer mudança na situação epidemiológica do Brasil ou ameaça à eliminação da doença. O Ministério da Saúde reforça a importância de manutenção da cobertura vacinal adequada e da vigilância ativa para todos os municípios. Com o aumento dos deslocamentos internacionais, é esperado que pessoas portando agentes infecciosos presentes em outras partes do mundo circulem no Brasil.
O Ministério da Saúde reitera, ainda, que todos os profissionais de saúde e a sociedade em geral continuem a estimular a participação efetiva nas ações de imunização em todos os municípios, tanto na vacinação de rotina, que deve ser realizada de acordo com o calendário estabelecido pelo Ministério da Saúde, como na Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite que acontecerá no segundo semestre de 2014.
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