12 maio 2010

Doenças Musculares

No final de abril, o Laboratório Neuromuscular da UNIFESP realizou a biópsia de nº 10.000, todas com estudos histoquímicos, e se tornou o maior acervo do mundo de doenças musculares. São Paulo, 11 de maio de 2010 – O marco foi concluído, após um trabalho de 28 anos, e rendeu à sociedade médica mundial um acesso ilimitado a informações sobre o comportamento do músculo e sua degeneração. “Foi com a ajuda desse acervo que inúmeros trabalhos científicos foram publicados, contribuindo para alterar os rumos da ciência”, afirma Beny Schmidt, chefe do Laboratório Neuromuscular e professor adjunto da disciplina de Patologia Cirúrgica da UNIFESP. Entre as contribuições dos trabalhos desenvolvidos pela equipe dirigida por ele na UNIFESP, em especial com o neurologista e chefe do Ambulatório de Neuromuscular da instituição, Acary Souza Bulle de Oliveira, Schmidt cita a descoberta da existência de DNA fora do núcleo das células e as doenças originadas dentro das mitocôndrias – estruturas internas das células que são responsáveis pela conversão do alimento em energia. “Dessa forma, centenas de doenças das quais não se sabia qual era a patogenia, pode-se concluir que se tratava de alterações desses mesmos genes mitocondriais”, explica. Esses trabalhos foram fundamentais para o desenvolvimento das pesquisas em células-tronco e, consequentemente, a terapia gênica os efeitos do vírus da AIDS no sistema nervoso central (neurotropismo) e a explicação da rápida perda muscular desses pacientes a técnica da genética reversa – estudo funcional de um gene que começa com a seqüência do gene, em vez de um fenótipo mutante –, também foram marcos desse trabalho. No laboratório de 20 m², Schmidt ajudou a localizar, dentro da célula muscular, a proteína indispensável para o bom funcionamento do músculo esquelético – a distrofina – e buscar métodos que pudessem melhorar a qualidade de vida dos indivíduos com Distrofia Muscular de Duchenne, forma mais severa e mais comum das distrofias musculares. Surgimento de uma nova profissão. Entender o comportamento dos músculos, bem como sua degeneração, não apenas abriu caminhos para tratamentos de doenças graves, como também favoreceu a criação de estratégias para melhorar o desempenho de atletas olímpicos e paraolímpicos, criando uma nova profissão no mercado de trabalho: o de Fisiologista do Esporte. Em 1986, Schmidt e profissionais da disciplina de Fisiologia do Exercício da UNIFESP foram responsáveis para criar o primeiro centro de treinamento esportivo específico para trabalhar, individualmente, o fortalecimento muscular dos atletas dentro do São Paulo Futebol Clube. “Hoje, todo grande time de futebol possui um fisiologista do esporte”, afirma o pesquisador. “Em breve, introduziremos a patologia muscular no quadro de multidisciplinaridade do esporte no intuito de proteger cada vez mais os jovens atletas de lesões musculares”.
Associações
Foi nesse contexto de pesquisa e assistência que nasceu duas das mais importantes associações neurológicas do país: a ABrELA – Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófica – e a Associação Brasileira de Síndrome Pós-Poliomielite, ambas com sede no Ambulatório Neuromuscular da UNIFESP, e responsáveis por buscar recursos e direitos que tornem a vida dos pacientes com ELA e com Síndrome Pós-poliomielite melhor e mais digna.
Fonte: Ciber Saúde – São Paulo/SP

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