Poliós (πολιός) em grego quer dizer “cinza”; myelós (µυελός), medula.
Em 1874, o médico alemão Adolph Kussmaul (1822-1902) cunhou o nome da doença a
partir de achados patológicos da medula espinhal de pacientes com a paralisia.
A Poliomielite já era conhecida dos egípcios constando em inscrições de 1400 AC, mas
entrou para o hall da fama das moléstias humanas apenas na década de 50. A
pandemia de poliomielite tomou de assalto a Europa e os EUA tendo como
características peculiares, o alto número de casos do que foi chamado de pólio
bulbar, no qual o paciente, a grande maioria crianças, perde a força da
musculatura respiratória necessitando ventilação mecânica para não morrer
sufocado.
O vírus da pólio é muito semelhante aos rhinovirus (RV), um dos
causadores do resfriado comum, chegando a ter 45-62% de semelhança em seus
genomas diferindo, entretanto, na construção da capa viral. Isso impede que o
RV penetre na mucosa do intestino, mantendo-o nas vias aéreas superiores.
Partilham entre si, no entanto, a alta infectividade de humano para humano, e
daí as consequências desastrosas para o caso da pólio.
Muitos desses afetados pela poliomielite são adultos hoje e passaram a
enfrentar uma segunda grande batalha em decorrência
da doença: Chamasse Síndrome Pós-Poliomielite
(SPP). A síndrome Pós-Poliomielite, entretanto, não foi uma nova descoberta, os
sintomas foram descritos pela primeira vez na literatura médica francesa em
1875, e na literatura médica mundial cerca de trinta e cinco artigos foram
publicados até 1975. REGISTRO DE 03 CASOS - Literatura Francesa:
•Jovens com história de pólio na primeira infância;
•Anos mais tarde desenvolveram novas e
significativas fraqueza e atrofias;
•Ocorreram não apenas nos músculos anteriormente
afetados;
•Todos desempenhavam trabalhos que exigiam esforço
físico e demandavam força e atividades repetitivas. Descrição do Primeiro caso:
Dr. JEAN MARTIN CHARCOT.
Boa parte dos médicos tanto os brasileiros como os estrangeiros em
atividade hoje nunca viu um caso de pólio aguda, mas todos conhecem suas
sequelas. Agora é necessário uma atualização para o diagnóstico dessa
complicação tardia de modo a dar o encaminhamento correto aos pacientes.
No ano de 2010 foi realizado a inclusão do agravo Síndrome
Pós-Poliomielite na Classificação Estatística Internacional de Doenças e
Problemas relacionados à Saúde (CID 10) no CAPÍTULO VI – DOENÇAS DO SISTEMA
NERVOSO, Atrofias Sistêmicas que Afetam Principalmente o Sistema Nervoso
Central. Sugestão para CID 10 – G14. Por iniciativa do Setor de Doenças
Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista
de Medicina (EPM) a Síndrome Pós-Poliomielite foi integra ao catálogo
internacional de doenças (CID). A entidade enviou, pelo representante
brasileiro no comitê que regulamenta o CID, a proposta de inclusão. A decisão
deve beneficiar cerca de 60% dos pacientes acometidos pela pólio que apresentam
nova perda de funções musculares, diz Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira,
chefe do setor de Investigação em Doenças Neuromusculares da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo).
Da atual geração de médicos, esperamos, seja a última a ver tais
casos. Tomara a Síndrome Pós-Poliomielite seja o último suspiro da nêmesis
humana que foi a poliomielite e que ela sobreviva apenas em interessantes obras
ficcionais como a de mesmo nome de Philip Roth.
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