29 dezembro 2021

Como Sabin foi colaborar na erradicação da pólio no Brasil — e acabou saindo pela porta dos fundos

  Edison Veiga De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil




“Brasil fecha a porta para Sabin depois de divulgação de dados de pólio”, escreveu o jornal The New York Times em 17 de abril de 1980. A reportagem contava que o médico e cientista americano-polonês Albert Bruce Sabin (1906-1993), o criador da vacina contra a poliomielite, havia sido trazido ao Brasil para ajudar a conter a epidemia da doença — mas acabou sendo “derrotado por outro mal brasileiro: a burocracia governamental”.

A ligação de Sabin com o Brasil vinha de duas décadas atrás e havia sido coroada por um casamento. Desde que desenvolveu, em 1960, sua famosa vacina para combater a paralisia infantil, aplicada oralmente e por isso chamada popularmente de “gotinha”, o cientista esteve no Brasil por diversas vezes ministrando palestras, oferecendo consultorias e contribuindo para os esforços de erradicação da doença. Em 1971, em uma festa em sua homenagem realizada no Rio, conheceu a brasileira Heloisa Dunshee de Abranches (1917-2016). Um ano depois, estavam casados.

O cientista acompanhava atentamente a evolução da doença viral infecciosa pelo mundo, mas, por diversas vezes, enfatizava uma preocupação afetiva com o que ocorria no Brasil. Segundo afirmou a diversos jornalistas na época, quando vinha ao país, as autoridades acabavam impelidas a realizar campanhas de vacinação em massa; o problema era que o esforço, entretanto, não tinha continuidade nos anos seguintes — e os casos de poliomielite voltavam a aumentar.

Em 1973, conforme declarou, ele leu “com satisfação” um relatório da Organização Mundial da Saúde que afirmava que o Brasil havia reduzido em 86% a incidência da doença. Logo concluiu que sua gotinha vinha dando resultado.

A confusão com o governo

Em 1980, Sabin veio para mais uma temporada de trabalhos no Brasil. Havia um surto de poliomielite em Santa Catarina. De acordo com o New York Times, o cientista tinha sido convidado pelo então ministro da Saúde, o médico e político Waldyr Arcoverde (1932-2017). Mas, conforme registraram jornais brasileiros da época, o governo afirmava que Sabin tinha se oferecido para o trabalho.

Na ação pontual em Santa Catarina, tudo deu certo. Sabin conduziu a campanha de vacinação em massa das crianças em idade escolar. Mas logo começaram as divergências com o governo de João Baptista Figueiredo (1918-1999), o último comandante da ditadura militar brasileira.

O cientista organizou um painel com mais de 25 mil crianças em idade escolar. Ele queria analisar os efeitos dos esforços da última década no combate à doença, tendo em mente aquele relatório da OMS que havia lido em 1973. Segundo o New York Times, foi aí que ele concluiu que havia problemas no sucesso anunciado naquela época.

Sabin aplica vacinação durante visita ao Brasil

Acreditando que os dados reportados eram falsos, ele escreveu uma dura carta ao presidente da República, afirmando que “a julgar pelos meus estudos, acredito que haja pelo menos 10 vezes mais pólio no Brasil do que aquilo que vem sendo relatado pelas autoridades de saúde”.

“O Brasil precisa de um programa nacional de vacinação contra a poliomielite, organizado de forma altamente eficiente e realizado anualmente”, pontuou. “No entanto, esse trabalho continua sendo impedido por entraves burocráticos e funcionários não confiáveis.”

A polêmica estava armada. Em 29 de março de 1980, o jornal O Estado de S. Paulo publicou que, de acordo com um funcionário não identificado do Ministério da Saúde, Sabin havia sido convidado para atuar no país porque havia a ideia de “homenageá-lo”, mas ele “não soube comportar-se”.

Epidemiologistas ouvidos pela reportagem, também sem serem identificados, afirmavam que o cientista criou a polêmica em busca de “promoção pessoal”.

Sabin disse ter encontrado incongruências sérias entre duas fontes de dados oficiais: os números da Fundação Serviço de Saúde Pública (FSESP), que teriam sido utilizados para comunicar a OMS, eram bem inferiores aos registros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O cientista concluiu que o FSESP contabilizava apenas 12% das ocorrências, em comparação ao IBGE, e classificou como “lixo” o trabalho do primeiro

Conforme levantou o jornal O Estado de S. Paulo, em reportagem de 1º de abril daquele ano, os dados que precederam o relatório da OMS confirmavam a tese de Sabin. De 1969 e 1972, o IBGE havia registrado, ano a ano, respectivamente 11.832, 11.545, 31.111 e 6.170 casos da doença. No mesmo período, o FSESP relatou 1.136, 2.270, 2.206 e 1.429 ocorrências.

Em 3 de abril, o mesmo jornal publicou uma outra reportagem na qual o Ministério da Saúde admitia problemas com os registros. “Estávamos perdendo a batalha contra a poliomielite por falta de organização e não de estatísticas ou de vacinas”, afirmou o então secretário-geral do ministério, o dentista e político Mozart de Abreu e Lima. Ele concordava que havia “ausência de registro” de casos, mas enfatizou que a afirmação do cientista de que existiriam 10 vezes mais casos era “exagerada”.

Portas fechadas

Quando insistiu que as estatísticas fornecidas nos anos 1970 pelas autoridades brasileiras à OMS estavam erradas, Sabin viu todas as portas em Brasília fechadas para ele. E passou a ser alvo de uma campanha difamatória. Segundo jornais da época, acusaram-no de estar obsoleto e desacreditado no meio científico e, ainda, autoridades chegaram a apontar que ele, “um judeu americano”, havia sido mandado para o Brasil por “grupos sionistas”, “para ganhar espaço na imprensa, agora dedicada à cobertura da Organização para a Libertação da Palestina”.

O médico Albert Sabin em palestra no Instituto Fernandes Figueira – IFF/Fiocruz, durante visita ao Brasil no dia 28 de junho de 1961.

Sabin decidiu voltar aos Estados Unidos sem nem sequer se despedir do alto escalão do governo, com quem havia trabalhado. Então diretor de redação da revista Veja, o jornalista José Roberto Guzzo sentenciou, sobre o episódio: “nosso problema não é paralisia infantil, mas paralisia de adultos”.

O cientista não guardou para si o rancor. Afirmou que as autoridades brasileiras eram culpadas de “negligência profissional grave” e “deixaram o Brasil sob a ameaça permanente de epidemias de poliomielite”.

Secretário Nacional de Ações Básicas de Saúde durante a gestão de Arcoverde, o médico João Baptista Risi Júnior garante à BBC News Brasil que não houve qualquer intenção do governo militar de maquiar os números da paralisia infantil.

“Essa afirmação é totalmente falsa”, afirma ele, em nota encaminhada à reportagem. “A polêmica entre Sabin e o Ministério da Saúde decorreu de um fato insólito: a Organização Mundial de Saúde havia publicado dados incorretos sobre o Brasil referentes ao período 1968 a 1972, e a discrepância dos dados oficiais foi usada por Sabin como justificativa para realizar a sua pesquisa.”

“Não foi possível convencê-lo de que os dados publicados pela OMS derivavam de um sistema de informação paralelo, de caráter experimental, que o ministério havia desativado muitos anos antes após comprovar a sua completa inconfiabilidade”, diz o médico.

“Resultou que as declarações do cientista, manifestando o seu inconformismo com a suspensão da pesquisa que ele havia proposto, foram ardilosamente utilizadas pela grande imprensa nacional para denegrir a imagem pública do governo militar, que então enfrentava crescente oposição política.”

Segundo Risi Júnior, a colaboração de Sabin “tornou-se conflitiva após sua revelação de um objetivo pessoal: realizar, antes do primeiro Dia Nacional de Vacinação, uma pesquisa de âmbito nacional para estimar a magnitude da poliomielite nos Estados brasileiros”. O Ministério da Saúde considerou tal esforço desnecessário e inviável.

Já de acordo com a médica Dilene Raimundo do Nascimento, pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz e organizadora do livro A História da Poliomielite, Sabin veio ao Brasil convidado pelo governo para assessorar a equipe envolvida na criação do programa dos Dias Nacionais de Vacinação. Mas, diz ela à BBC News Brasil, o cientista “discordou das informações que o Ministério da Saúde dispunha sobre a poliomielite no Brasil e propôs uma pesquisa de prevalência de sequelas em escolares, abrangendo todo o país”.

“Essa pesquisa necessitaria de vultosos recursos e tempo para ser realizada. Os técnicos do Ministério da Saúde consideravam que os dados disponíveis permitiam identificar o problema e definir diretrizes básicas para um programa de controle da doença que era urgente”, relata ela. “Essa discordância entre Sabin e os técnicos criou uma polêmica. O conflito foi bastante sério, mas o ministro da Saúde se manteve no cargo e implementou os Dias Nacionais de Vacinação.”

Pesquisador de História da Saúde Pública e professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o historiador André Luiz Vieira de Campos diz não duvidar que tenha havido, por parte do governo militar, uma tentativa de tornar os números menos desfavoráveis.

“Na década de 1970, isso seria muito provável, tendo em vista que se tentou esconder a epidemia de meningite”, comenta ele à BBC News Brasil, em referência ao surto dessa doença ocorrido em 1973, cuja divulgação foi abafada pelas autoridades.

“Entretanto, desde o fim dos anos 1970, com o governo Figueiredo, o Ministério da Saúde estava de fato comprometido com o controle e posterior erradicação da poliomielite”, completa o historiador.

Milhares de crianças dos EUA foram vitimadas pela pólio nos séculos 19 e 20.

A reportagem procurou o Instituto Sabin de Vacinas, instituição em Washington, nos Estados Unidos, responsável pelo legado do cientista. Questionada sobre as polêmicas de sua última passagem pelo Brasil, a assessoria da entidade enviou, à guisa de esclarecimentos, um artigo publicado em 2009 pelo periódico acadêmico American Journal of Public Health.

O texto elenca que, naquela ocasião, o governo brasileiro enfrentava “um momento político e economicamente difícil” e que a atuação de Sabin poderia imprimir um papel institucional de respaldo à administração federal. O artigo frisa que o cientista havia recebido carta branca do presidente Figueiredo e que, desde o início, acreditava que as estatísticas nacionais estavam subestimadas.

Ao longo dos trabalhos, relata o texto, Sabin adotou uma postura cada vez mais exigente, severa e arrogante. Ele passou a exigir do governo uma secretária bilíngue, mais espaço para escritório, suprimentos e melhorias para sua equipe. Por fim, a gota d’água parece mesmo ter sido sua obsessão em realizar uma pesquisa ampla em todo o país, antes do início dos Dias Nacionais de Vacinação.

Pólio no Brasil

Conforme conta Risi Júnior, autor do livro Poliomielite no Brasil: Do Reconhecimento da Doença à Interrupção da Transmissão, os primeiros registros da doença no país datam do início do século 20. “A primeira epidemia de poliomielite no Brasil foi descrita em 1911, na cidade do Rio de Janeiro, pelo pediatra Antônio Fernandes Figueira, que reuniu 49 casos adoecidos de 1909 a 1911”, descreve.

“Desde então passaram a ser registrados pequenos surtos da doença em vários pontos do país, destacando-se uma epidemia ocorrida na cidade do Rio de Janeiro, em 1939, com 287 casos. Na década de 1950, a doença expandiu-se consideravelmente, tendo causado as principais epidemias registradas em toda a história da poliomielite no Brasil, com ápices no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Paraná. Entre 1950 e 1960 foram notificados oficialmente 6.493 casos nas capitais brasileiras — número considerado muito subestimado, em face da precariedade dos registros estão disponíveis.”


No Brasil, o personagem Zé Gotinha surgiu em 1986 como parte de uma campanha de vacinação contra a pólio.

Antes dos surgimento das vacinas — a Salk, com vírus inativados, de 1955, e a Sabin, de vírus vivos atenuados, em 1960 —, o único tratamento possível era dar assistência médica aos doentes na fase aguda e aos portadores de sequelas.

Com o advento da vacina, começaram políticas públicas para importação do produto e desenvolvimento de infraestrutura para a aplicação do mesmo na população. Risi Júnior conta que várias táticas foram empregadas, até chegar às campanhas maciças nacionais, como defendia Sabin.

Isso, aliás, passou a ocorrer logo após sua saída do Brasil, em 1980. Para o médico, foi uma “medida heroica” a instituição dos Dias Nacionais de Vacinação, duas vezes ao ano, simultaneamente em todos os municípios brasileiros.

“Cerca de 20 milhões de crianças foram vacinadas em cada uma dessas operações, visando a atingir todo o grupo etário alvo, inclusive indivíduos já vacinados. O impacto foi imediato”, afirma Risi Júnior.

As primeiras campanhas ocorreram em 14 de junho e 16 de agosto de 1980. Naquele ano, foram registradas 1290 ocorrências da doença no país. No ano seguinte, apenas 122. “E, em 1982, ocorreram, nacionalmente, somente 45 casos”, enfatiza a médica Nascimento.

Em 1983, a incidência da doença já estava no chamado “nível de controle”, ou seja, menos de 0,1 caso por 100 mil habitantes. “A introdução dessa estratégia foi um marco da história da poliomielite no Brasil e do controle de outras doenças evitáveis por vacinação”, completa Risi Júnior.

O último caso de poliomielite no Brasil foi confirmado em março de 1989, na Paraíba. A OMS certificou a erradicação da doença no país em 1994.

“Albert Sabin foi o idealizador da estratégia de vacinação em massa contra a doença”, reconhece o médico. “Ele sempre insistiu que a sua estratégia de vacinação era a única capaz de erradicar a poliomielite nos países em desenvolvimento.”


24 dezembro 2021

CID-11 Classificação Internacional de Doenças entra em vigor no próximo dia 01 de janeiro de 2022.

 

 

A partir do dia 1 de janeiro de 2022 entra em vigor a nova classificação internacional de doenças da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID 11.

A alteração aconteceu em uma conferência da organização em 2019, mas o documento entra em vigor a partir do próximo ano. Para promover as alterações no documento, a OMS se baseia em estatísticas e tendências da saúde.

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde, mais conhecida como CID, é uma das principais ferramentas epidemiológica do cotidiano médico. A principal função do CID é monitorar a incidência e prevalência de doenças, por uma padronização universal das doenças, problemas de saúde pública, sinais e sintomas, queixas, causas externas para ferimentos e circunstâncias sociais, apresentando um panorama amplo da situação em saúde dos países e suas populações.

Assim tanto a Sequela de Poliomielite como Síndrome Pós Poliomielite têm nova classificação junto ao CID-11.

Código CID-10: B91 Sequelas de poliomielite.

Descrição: Poliomielite.

Sinônimo: Infecção pelo Vírus Causador da Poliomielite; Paralisia Infantil; Pólio; Poliomielite não Poliovírus; Poliomielite Pré-Paralítica.

Definição: Doença infecciosa aguda em humanos, particularmente crianças, causada por qualquer um dos três sorotipos do POLIOVÍRUS humano. Normalmente, a infecção é limitada ao trato gastrointestinal e nasofaringe e é frequentemente assintomática. O sistema nervoso central, principalmente a medula espinhal, pode ser afetado, levando a uma paralisia rapidamente progressiva, FASCICULAÇÃO grosseira e hiporreflexia. Os neurônios motores são afetados inicialmente. Também, pode ocorrer a encefalite. O vírus se replica no sistema nervoso e pode causar perda neural significativa, marcadamente na medula espinhal. Uma condição correlata rara, a poliomielite que não é originada por Poliovírus, pode resultar de infecções por enterovírus que não são Poliovírus. (Tradução livre do original: de Adams et al., Principles of Neurology, 6th ed, pp764-5).

Descrição: Poliomielite Bulbar.

Definição: Forma de poliomielite paralítica que afeta neurônios do BULBO do tronco encefálico. Entre as características clínicas estão dificuldade respiratória, HIPERTENSÃO, alterações do controle vasomotor e disfagia. A fraqueza e a atrofia dos membros e tronco, estão normalmente associadas devido ao envolvimento da medula espinhal. (Tradução livre do original: de Adams et al., Principles of Neurology, 6th ed, p765).

 

Código CID-11: 1C81 Poliomielite aguda

Descrição: Uma doença do sistema nervoso, causada por Poliovírus humano. Esta doença geralmente apresenta febre, dor de garganta, dor de cabeça, vômitos ou rigidez do pescoço e das costas. Esta doença pode apresentar um aparecimento agudo de paralisia flácido. A transmissão é comumente pela rota fecal-oral ou contato direto. A confirmação é pela identificação de Poliovírus em uma amostra fecal ou por uma punção lombar.

 

Código CID-10: G14 Síndrome Pós Poliomielite.

Inclusão: Síndrome Mielítica Pós Poliomielite.

Definição: A inclusão da Síndrome Pós Poliomielite na CID-10 em 2008 se dá 133 anos após a primeira descrição clínica feita por Jean Martin Charcot em 1875.

A Síndrome Pós Poliomielite é uma síndrome clínica caracterizada por nova fraqueza muscular em musculatura previamente afetada ou não, acompanhada ou não de fadiga muscular, dor muscular e articular. Outros sintomas podem estar presentes como: intolerância ao frio, alteração do sono, dificuldade respiratória, disfagia e disfonia. Por estarem os quadros clínicos e histológico intimamente relacionados com disfunção dos neurônios motores inferiores, a Síndrome Pós Poliomielite encontra-se na categoria das doenças do neurônio motor, classificada como síndrome do neurônio motor inferior de forma esporádica. Cerca de 30 a 40 anos após a poliomielite aguda ocorre a instalação de nova fraqueza muscular na média em 60% nos casos paralíticos e em 40% nos casos não paralíticos.

WHO-FIC 2005/B.6-5 - URC Submissions 2005 Final Round v2 - Tokyo, Japan - 16-22 October 2005.

Código CID-11: 8B62 Atrofia Muscular Progressiva Pós Poliomielite

Inclusão: Síndrome Mielítica Pós Poliomielite

Descrição: Os critérios para diagnósticos da atrofia muscular progressiva pós-poliomielite (AMPPP) são: uma história crível de poliomielite com recuperação parcial da função, um período mínimo de 10 anos de estabilização e o subsequente desenvolvimento da fraqueza muscular progressiva. Podem ser vistos sintomas de fraqueza, atrofia e fadiga de músculos anteriormente afetados. Esses sintomas também podem ser notados recentemente em músculos que aparentemente não foram afetados pelo episódio da poliomielite. Cãibras musculares e fasciculações podem acompanhar a nova fraqueza.

02 outubro 2021

Poliovírus assombra o Mundo novamente.

 


Poliomielite é uma doença viral que afeta principalmente crianças com menos de 5 anos de idade e causa paralisia em cerca 0,5% dos infectados. Embora não haja cura, a infecção pode ser prevenida por imunizantes que atuam contra os três tipos da doença.

 

A erradicação global de Poliovírus tipo selvagem 2 e 3 foi declarada, e agora apenas endêmico no Afeganistão e Paquistão.  No entanto, a reversão intestinal à neurovirulência dos vírus atenuados da vacina contra Poliovírus Oral Sabin (OPV) pode ocorrer e, quando derramada em fezes e transmitida através de populações com baixa cobertura vacinal OPV, pode causar casos de paralisia. Os números relatados desses casos de Poliovírus derivados da vacina têm aumentado a cada ano desde 2016, principalmente devido ao tipo 2, com este problema foi necessário à retirada do componente que previne contra o tipo 2 da doença da versão trivalente do imunizante. A ação, no entanto, não bastou e, de acordo com a OMS, em 2019, o número de infecções por cVDPV2 chegou a 378. Neste ano, 409 já haviam sido registrados até outubro.

A emergência fez com que a Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite desenvolve-se uma estratégia de resposta, que inclui o desenvolvimento de novas vacinas.

O rápido aumento nos casos de Poliovírus derivados da vacina do tipo 2 foi designado como uma Emergência de Saúde Pública de Preocupação Internacional pela OMS em 2014 e a resposta da Iniciativa Global de Erradicação da Poliomielite foi incluída em um adendo 2020-21 à Estratégia de Endgame da Poliomielite. O uso contínuo do Sabin monovalente OPV2 para interromper os surtos em curso em ambientes de baixa cobertura de imunização corre o risco de semear Poliovírus derivados da vacina tipo 2 devido à sua tendência inerente de perder as mutações atenuantes. Esta situação epidemiológica única requer uma necessidade urgente de desenvolvimento e introdução de Poliovírus tipo 2 geneticamente mais estável (novo OPV2) para responder à emergência global. Os dados deste estudo em adultos confirmam que dois novos candidatos opv2 são seguros, bem tolerados e têm imunogenicidade semelhante à Sabin monovalente OPV2 e melhoram a estabilidade genética após a passagem intestinal. Esses dados permitiram o início dos estudos com o novo OPV2 em crianças e bebês e o subsequente pedido de revisão no âmbito do procedimento de listagem de uso de emergência para uso precoce do novo OPV2 no controle de surtos.

Um consórcio trabalha desde 2011 em pesquisa e desenvolvimento de novas cepas de Poliovírus projetadas para serem geneticamente mais estáveis com menor probabilidade de reversão à neurovirulência, mantendo os benefícios da Vacina Sabin OPV. Como mais de 94% dos casos de Poliovírus derivados da vacina foram devido ao tipo 2, o foco inicial foi em novos vacinas OPVs tipo 2 (OPV2s), e produziu dois candidatos, OPV2-c1 e OPV2-c2.7. Ambos os candidatos são o sorotipo atenuado 2 Poliovírus derivados de um clone infeccioso Vacina Sabin 2 modificado com diferentes combinações de cinco modificações distintas do genoma da Vacina Sabin 2, propagados em células vero. O novo OPV2-c1 inclui um domínio geneticamente estabilizado V (o local de atenuação primária para Sabin 2), realocação do elemento de replicação e modificações na polimerase para aumentar a fidelidade e reduzir a recombinação. O novo OPV2-c2 inclui o mesmo domínio geneticamente estabilizado V e desotimização do códon na região de codificação cápside. Essas modificações visavam estabilizar a sequência genética contra a reversão na região não traduzida de atenuação adicional fornecida pela introdução de cerca de 87 mutações silenciosas adicionais na região cápside.

Dois estudos parcialmente mascarados em dois centros:  no Centro de Avaliação de Vacinação, Vacinas e Doenças Infecciosas da Universidade de Antuérpia (Antuérpia, Bélgica); e um estudo de fase 2 dos dois novos candidatos opv2 no mesmo centro e no CEVAC, Centro de Vaccinologia, Ghent University Hospital (Ghent, Bélgica). Os protocolos de estudo foram aprovados pelo conselho de revisão institucional de cada centro e pela autoridade nacional belga. Os estudos foram realizados de acordo com a Declaração de Helsinque e conferência internacional sobre as diretrizes de Boas Práticas Clínicas de Harmonização. Todos os participantes forneceram consentimento por escrito informado.

Participantes elegíveis foram adultos saudáveis de 18 a 50 anos com histórico documentado de pelo menos três vacinas contra pólio, incluindo OPV no estudo da fase 4 e OPV ou IPV no novo estudo opv2 fase 2, sem dose no prazo de 12 meses de início do estudo. Outros critérios de inclusão foram ser residente na Bélgica e estar disponível para a duração do estudo, e estar em boa saúde mental e física na matrícula com base no histórico médico e exame. As mulheres com potencial de gravidez tiveram que fazer um teste de gravidez negativo na matrícula e concordarem em usar um método contraceptivo aprovado durante e por 3 meses após o estudo. Os principais critérios de exclusão foram qualquer condição médica que afetasse o bem-estar ou a resposta imune do participante, incluindo um baixo nível de IgA total de soro de base, qualquer viagem pretendida ou dentro dos 6 meses anteriores para países com poliomielite, aleitamento materno, quaisquer funções profissionais de manipulação de alimentos, qualquer contato profissional ou doméstico com pessoas imunossupressoras ou incompletamente vacinadas (por exemplo, crianças jovens), ou participação em outro ensaio clínico no prazo de 28 dias a partir deste.

Os dados deste estudo serão disponibilizados a outros da comunidade científica mediante solicitação após a conclusão do estudo da fase 3 do candidato à vacina selecionado e os dados científicos do desenvolvimento de ambos os candidatos. Serão utilizados critérios padrão para disponibilizar dados para projetos de pesquisa válidos, seguindo a aplicação por pesquisadores devidamente qualificados. Para acesso aos dados, entre em contato com a Fundação Gates ( openaccess@gatesfoundation.org).

 

 

07 junho 2020

Apneia Obstrutiva do Sono pode ser porta de entrada do agravamento da Covid-19

Apneia Obstrutiva do Sono pode ser porta de entrada do agravamento da Covid-19 

Pesquisadores afirmam que maioria de pacientes das duas doenças possuem perfis semelhantes
A apneia obstrutiva do sono leva ao aumento do risco de infecção e gravidade da COVID-19. Essa é a conclusão de artigo publicado pelo Journal of Clinical Sleep Medicine, um periódico mensal da Academia Americana de Medicina do Sono1, uma das mais conceituadas do mundo. O estudo é assinado pelos médicos brasileiros Sergio Tufik, Monica Andersen, Gabriel Pires e Isabela Ishkura, do Instituto do Sono, e pelo médico americano David Gozal, da Escola de Medicina da Universidade do Missouri. O estudo foi apoiado pela Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (AFIP).
“Acreditamos que a presença de apneia obstrutiva do sono pode facilitar não apenas a suscetibilidade à infecção por SARS-CoV-2, mas também ser um fator de risco inerente à COVID-19 grave”, afirma Sérgio Tufik .
O estudo aponta que a COVID-19 geralmente se manifesta como comprometimento respiratório, particularmente nas manifestações graves da doença, sendo provável entre idosos, homens e para aqueles que sofrem de obesidade e disfunção cardiometabólica, o perfil clássico do portador de apneia obstrutiva do sono.
Por isso, os pesquisadores defendem que pessoas com apneia sejam incluídas nos grupos de risco para a COVID-19 A doença atinge 33% dos paulistanos e 80% dos indivíduos entre 70 e 80 anos.
O especialista alerta ainda que a apineia obstrutiva do sono provoca a chamda imunossupressão, ou seja baixa imunidade deixando os indivíduos mais vulneráveis à doenças. “O quadro é delicado, até mesmo as vacinas não atingem seus objetivos com os pacientes de AOS, pois não conseguem produzir anticorpos,” detalha Tufik.
Apneia e COVID-19
A apneia obstrutiva do sono é o distúrbio respiratório mais comum relacionado ao sono e é altamente prevalente, podendo afetar até um bilhão de pessoas em todo o mundo. É caracterizada por aumentos transitórios na resistência das vias aéreas superiores, causando reduções ou interrupção do fluxo aéreo acompanhado por um aumento do esforço respiratório. Durante os episódios de apneia, há elevação da pressão arterial sistêmica e taquicardia.
Essas respostas levam à falta de oxigênio no organismo, resultando na diminuição da passagem de sangue pelas artérias coronárias, comprometendo os batimentos cardíacos. Arritmias cardíacas noturnas estão presentes em 40% de todos os pacientes com apneia, e em 92,3% daqueles com apneia grave.
Em consequência disso, o estudo alerta que a redução de oxigênio no sangue, que caracteriza os pacientes com apneia, poderia interferir ainda mais na ventilação pulmonar, comprometendo a troca de oxigênio por gás carbônico, levando a um quadro como o resultante da resposta infecciosa ao novo coronavírus.
Tuffik entende que isto pode ser uma razão potencial para a gravidade aprimorada e os resultados adversos, como exemplificado por um diagnóstico funcional. Sendo assim, pacientes portadores de apneia precisam redobrar os cuidados, pois são vítimas potenciais do novo coronavírus.
Sobre a AFIP
A AFIP (Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa) é uma instituição privada, sem fins lucrativos, fundada por profissionais da área da saúde, professores e pesquisadores há 40 anos com o objetivo de fornecer suporte financeiro para atividades de docência, pesquisa científica e atendimento médico à comunidade, com ênfase no serviço público de saúde.
A AFIP está presente em oito Estados e mais de 30 cidades onde oferece mais de 3.000 exames nas categorias de análises clínicas, anatomia patológica, citogenética, genética, imagem, imunohistoquímica e medicina molecular, e realiza mais de 6 milhões de exames por mês, com capacidade instalada para até 8 milhões.
No Estado de São Paulo, a AFIP é responsável, entre outros procedimentos, por 72% dos exames imunogenéticos para identificação de receptor de órgãos; 52,3% dos exames imunogenéticos para identificação de doador de órgãos e 90,1% da atenção domiciliar (Distrofias musculares, ELA, Síndrome Pós-Poliomielite). Na capital paulista, a AFIP tem o Instituto do Sono como um de seus principais centros de pesquisa e atendimento aos pacientes.

28 dezembro 2018

A Síndrome Pós Poliomielite (SPP)


         
Na dinâmica medicina, muitos conceitos sofrem constante mutação enquanto outros vão surgindo em uma velocidade impressionante. A poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença que tem se tornado rara no Brasil em virtude das campanhas de vacinação. Conforme informa David Greenberg em seu compêndio Neurologia Clinica, a patologia ocorre devido a uma infecção viral medular desencadeada por um picornavírus. Geralmente, sintomas gripais precedem o comprometimento neurológico, sendo esse caracterizado por fraqueza e redução do tônus muscular sem comprometimento sensorial. Alguns casos podem ser neurologicamente assintomáticos e outros podem evoluir para um desfecho letal. O exame do liquor demonstra um aumento no número de células sem modificar os níveis de glicose. O tratamento é de suporte e, embora possa haver o estabelecimento de déficits, a grande maioria dos indivíduos acometidos consegue efetivar sem maiores problemas tarefas sociais e laborativas. 
          Após grande esforço e estudos realizados pelo Dr. Acary Souza Bulle Oliveira a medicina tem aceitado de forma mais ampla a Síndrome Pós Poliomielite (SPP) (2). Aliás, é possível até categorizá-la sob o CID 10 G14. Embora seja uma condição descrita há mais de 100 anos, somente nos dias atuais passou a ser mais compreendida, estudada e aceita. Refere-se a uma aflição neurológica que ocorre muitos anos após a fase aguda da agressão viral. O quadro clinico é caracterizado por nova perda de força muscular, dores e fadiga. Não se sabe muito bem como tal doença se desenvolve. Nesse contexto, algumas teorias foram estabelecidas procurando explicar a fisiopatologia do ocorrido. Acredita-se que as fibras nervosas remanescentes da infecção viral aguda seriam submetidas a uma sobrecarga funcional. Isso ocorreria com o intuito de compensar o deficitário número de neurônios atuantes e manter o mais próximo do normal o nível operacional dos membros deteriorados. Esse “overuse”, em certo momento, acabaria por danificar a estrutura remanescente desencadeando a Síndrome Pós Poliomielite (1). Outra possibilidade é que as novas fibras que se desenvolveram após a agressão aguda não possuem a estabilidade orgânica necessária para desempenhar suas funções de forma ininterrupta e eficiente. Essas mudanças degenerativas deixariam o arranjo nervoso mais frágil e propenso a falhas, fato esse que, em tese, poderia desencadear a SPP. Muitos especialistas falam que o desuso muscular também poderia interferir na fisiopatologia de tal síndrome. Todavia, essa circunstância só possui a capacidade de piorar os déficits musculares em pacientes com SPP já estabelecida, não sendo um dos fatores capazes de iniciar a mazela. Assim, a teoria mais aceita é que o “overuse” das fibras remanescentes desgastaria um sistema já fragilizado levando a SPP. Com a sintomatologia revigorada ocorreria o desuso que, por sua vez, aumentaria a fraqueza, a atrofia muscular e favoreceria o ganho de peso. Alguns fatores de risco, embora não confirmados, têm sido cogitados como: maior idade na fase aguda da doença, sexo feminino, gravidade do quadro motor inicial, grande recuperação funcional, longo período de latência desde o quadro agudo da doença e o início da recuperação, uso de ventilação mecânica na fase aguda da doença, ano da infecção aguda, presença de dor muscular associada ao exercício, tipo de seqüela residual. 
    O tratamento da SPP é multidisciplinar. Deve-se indicar fisioterapia para reforço muscular, perda de peso e descansos intermitentes. De modo geral, como os individuos já estão plenamente adaptados aos deficits vinculados à infecção aguda, não há comprometimento das funções sociais e laborais.

13 outubro 2018

Silêncio de 38 anos a quem interessa?



Poliomielite Irresponsável, manipulação dos Dados Organização Mundial da Saúde. Resultado, milhares de brasileiros acometidos pela Síndrome Pós Poliomielite (SPP) ou Sequela Pós-Poliomielite. 

Denunciada manipulação de dados a respeito da poliomielite no Brasil, entre 1969 a 1973. Negligência que resultou em 63% de vitimas infectadas com o vírus da pólio. Para aqueles não familiarizados com o assunto, devo esclarecer que a vacina contra a poliomielite (também chamada de pólio ou paralisia infantil termo deriva do grego poliós, que significa "cinza", myelós "medula") estava operacional em território Brasileiro desde 1962 para a rede pública de saúde.
Esta noticia foi publicada em 06 de março de 1980, pelo Jornal Folha de São Paulo: “O governo Médici teria manipulado” dados referentes às condições de saúde no Brasil. A declaração, feita na época pelo Médico, Cientista e Pesquisador ALBERT BRUCE SABIN em entrevista concedida na presença dos Ministros Valdir Arcoverde e Jair Soares, respectivamente da Saúde e da Previdência Social, refere-se a RELATÓRIOS encaminhados à Organização Mundial da Saúde e que teriam apresentando estatísticas duvidosas”.

Vale ressaltar a inexistências de Dados Estatísticos referentes às Pessoas que foram acometidos pela poliomielite na infância, não sabemos até hoje com exatidão quantas crianças desenvolveram a doença em território nacional principalmente entre 1969 e 1973.
“Para uma população já anestesiada por tantas notícias sobre manipulação de índices oficiais, a declaração talvez não tenha tido a repercussão merecida. A gravidade da informação do Professor ALBERT SABIN, contudo, ultrapassa os limites do rotineiro. Após afirmar que a redução dos índices, no período de 1969 a 1973, anunciada pelo governo brasileiro, era incorreta, o cientista ressaltou o que chama de POLIOMIELITE IRRESPONSÁVEL. Ou seja, a manipulação dos dados não teve apenas por consequência, se é que teve, a modificação da imagem do Brasil perante os órgãos internacionais, que acreditaram, então, no progresso de nossas condições de saúde. Muito mais do que isto, os falsos Índices impediram, naquela época, uma campanha séria de combate à POLIOMIELITE. Como resultado temos crianças nascidas entre 1969 a 1973 portando sequelas físicas que poderiam ter sido evitadas, fosse outro o comportamento do governo. Ninguém desconhece que, em política,  as versões são às vezes mais importantes do que os fatos e que a manipulação de dados é um instrumento de grande força na luta pelo Poder. Faz parte da vida política esta capacidade de construir imagens favoráveis, escondendo alguns aspectos, ressaltando outros. Mas superestimar esta capacidade, tolerando a negação ou a distorção mentirosa dos fatos, é pervertê-la. Assim, quando um grupo político adere à falsidade organizada, escondendo dados importantes, proclamando milagres que não existem, então a linha divisória entre a atividade política e a sua perversão estará sendo transposta”.





Em decorrência da Negligencia do Passado o resulto no presente chama–se Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) ou Sequela Pós-Poliomielite é uma doença do neurônio motor de caráter degenerativo e progressivo. Embora não se conheça totalmente a etiologia, a causa mais aceita é a degeneração das unidades motoras remanescentes, algumas gigantes (grande número de fibras musculares inervadas pelo mesmo neurônio motor), formadas após a fase aguda da poliomielite. A SPP é definida por um conjunto de sinais e sintomas que ocorrem, geralmente, após 30 a 50 anos, no mínimo 15 anos após a infecção aguda da poliomielite. Caracterizada, principalmente, por três sintomas principais: nova fraqueza muscular, fadiga e dor. A nova fraqueza muscular, afeta geralmente os músculos previamente mais comprometidos, mas também pode afetar a musculatura aparentemente normal, estando acompanhada ou não de fadiga e dor muscular e/ou articular.
Outros sintomas que podem estar presentes são: nova atrofia muscular; disfonia; disfagia; insuficiência respiratória; transtorno urinário e fecal, transtornos do sono associado ou não de cefaleia matinal; aumento de peso corporal; intolerância ao frio; ansiedade; depressão; problemas de memória.
Aqui fazemos um alerta, a Sombra da Poliomielite vai continuar por décadas, tendo um pedágio significativo sobre a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas.  A situação atual e as necessidades futuras são ainda desconhecidas. Suas vidas serão limitadas e não por sua deficiência, mas nas ramificações desta deficiência, o estigma, a marginalização social e barreiras para recursos, tais como assistência médica, educação, acessibilidade e assistência social, que irá resultar para muitos em pobreza, falta de escolha e a negação dos direitos humanos fundamentais, para maximizar a saúde de forma mais eficaz aos Sobreviventes da Pólio – Síndrome Pós Pólio e bem-estar, promovendo uma maior participação e inclusão social.

A erradicação da Poliomielite e da Síndrome Pós-Poliomielite é um campo de provas, um teste. Ele vai revelar o que os seres humanos são capazes de fazer, e sugerir como ambicioso que pode ser o nosso futuro. No entanto, argumenta-se que esta afirmação é igualmente relevante para aqueles enfrentando as consequências Incapacitantes da Poliomielite – Síndrome Pós Poliomielite. A batalha contra a Poliomielite - Síndrome Pós Poliomielite não será vencida até que a comunidade global possa garantir aqueles que vivem com as consequências Incapacitantes da Poliomielite – Síndrome Pós Poliomielite que suas necessidades serão atendidas e os recursos serão disponibilizados para que possam funcionar plenamente e livremente nas sociedades em que vivem - agora e nas décadas que virão.
Uma sociedade que negligência seu passado, ameaça seu futuro.  
Nilson Roberto dos Santos – Paciente diagnosticado com Síndrome Pós Poliomielite






09 julho 2018

Nova Classificação Internacional de Doenças - ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics (2018).

1G83 Sequelae of Poliomyelitis:
Description:
Sequelae of infectious diseases, Show all ancestors expand, Description, Sequelae of poliomyelitis refers to the residuals of acute poliomyelitis as well as other disorders that have an etiological link to either the acute polio infection or to chronic deficits resulting from the acute infection. Disorders that may manifest late in the lives of polio survivors include early advanced degenerative arthritis, sleep disorders, respiratory insufficiency, and a variety of mental disorders.,
Exclusions: Post Polio Progressive Muscular Atrophy.
1G83 Seqüelas de poliomielite:
Seqüelas de doenças infecciosas. Descrição: Seqüelas de poliomielite se referem aos resíduos da poliomielite aguda, assim como outros distúrbios que têm uma ligação etiológica com a infecção aguda da pólio ou com déficits crônicos da infecção aguda. Os distúrbios que podem se manifestar tardiamente na vida dos sobreviventes da poliomielite incluem artrite degenerativa avançada precoce, distúrbios do sono, insuficiência respiratória e uma variedade de distúrbios mentais.
Exclusões: Atrofia Muscular Progressiva Pós-Poliomielite.
8B62 Post Polio Progressive Muscular Atrophy:
Description:
The diagnostic criteria for Post-polio progressive muscular atrophy (PPMA) are: a credible history of poliomyelitis with partial recovery of function, a minimum 10-year period of stabilization, and the subsequent development of progressive muscle weakness. Symptoms of weakness, atrophy, and fatigue of previously affected muscles may be seen. These symptoms may also be newly noted in muscles that were apparently unaffected by the poliomyelitis episode. Muscle cramps and fasciculations may accompany the new weakness.
Inclusions:   Post polio myelitic syndrome.
8B62 Atrofia Muscular Progressiva Pós-Pólio:
Descrição:
Os critérios diagnósticos para a atrofia muscular progressiva pós-pólio (PPMA) são: uma história confiável de poliomielite com recuperação parcial da função, um período mínimo de estabilização de 10 anos e o subsequente desenvolvimento de fraqueza muscular progressiva. Sintomas de fraqueza, atrofia e fadiga dos músculos previamente afetados podem ser observados. Esses sintomas também podem ser notados recentemente em músculos que aparentemente não foram afetados pelo episódio de poliomielite. Cãibras e fasciculações musculares podem acompanhar a nova fraqueza.
Inclusões:     Síndrome Mielítica Pós-Poliomielite. 

Fonte: https://icd.who.int/browse11/l-m/en

28 junho 2018

Um caso de pólio em Papua Nova Guiné detectado, a OMS decreta o surgimento de uma epidemia.




Le Monde |  

A doença foi encontrada em várias crianças, dezoito anos após seu desaparecimento no Pacífico ocidental.
Autoridades em Papua Nova Guiné disseram na segunda-feira (25 de junho) estarem "profundamente preocupadas" com um caso confirmado de pólio " e o fato de que o vírus está circulando" naquele estado do Pacífico. "Nossa prioridade imediata é responder e evitar que mais crianças sejam infectadas", disse Ministro da Saúde, Pascoe Kase.
Um caso confirmado da doença foi encontrado em um menino de 6 anos da província de Morobe com fraqueza nos membros inferiores. A doença foi detectada no final de abril e a paralisia associada ao vírus foi confirmada em maio.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA explicaram que o vírus também estava isolado nas fezes de duas crianças saudáveis ​​da mesma localidade; o que "é uma epidemia", segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Último caso em 1996
A poliomielite, que pode ser prevenida por uma vacina, é uma doença infecciosa causada por um vírus que invade o sistema nervoso e pode causar paralisia irreversível em questão de horas. Afeta principalmente crianças pequenas.
O último caso foi em 1996. Papua foi declarada livre da pólio em 2000, ao mesmo tempo que o resto da região do Pacífico ocidental.
Segundo a OMS, a cobertura de vacinação contra a poliomielite é baixa na província de Morobe, na costa norte. Apenas 61% das crianças recebem as três doses recomendadas.
O número de casos de poliomielite no mundo caiu mais de 99% desde 1988, quando foi estimado em 350 mil, em comparação com 22 casos em 2017, de acordo com a OMS. Apenas três países - Afeganistão, Nigéria e Paquistão - estiveram em março em sua lista de países onde a pólio é endêmica.
https://www.lemonde.fr/international/article/2018/06/26/un-cas-de-polio-en-papouasie-nouvelle-guinee-detecte-l-oms-decrete-l-apparition-d-une-epidemie_5321299_3210.html?utm_campaign=Echobox&utm_medium=Social&utm_source=Facebook#Echobox=1530001707