12 agosto 2017

Síndrome Pós-Poliomielite


O impacto da Síndrome Pós-Poliomielite na vida das pessoas que contraíram a poliomielite (paralisia infantil), nova doença, irreversível e incapacitante.
A Síndrome Pós-Poliomielite afeta os neurônios motores, e requer um novo olhar sobre os pacientes que contraíram a pólio, com uma nova abordagem sobre o tratamento, por equipes médicas multidisciplinares. Apesar da existência de vacina para proteger as pessoas contra a paralisia infantil, ainda não se encontrou a sua cura definitiva.
A Síndrome Pós-Poliomielite é uma desordem neurológica que acomete pessoas por volta dos 40 anos que, pelo menos 15 anos antes, foram infectadas pelo vírus da poliomielite e desenvolveram uma forma aguda ou inaparente da doença.
A principal característica da Síndrome Pós-Poliomielite é a perda das funções musculares que tinham permanecido estabilizadas no intervalo entre a recuperação e o aparecimento dos novos sintomas.
O quadro não é provocado pela reativação do vírus da poliomielite, mas pelo desgaste proveniente da utilização excessiva dos neurônios motores próximos daqueles que foram destruídos pelo poliovírus. Isso acontece porque, para compensar essa falta, apesar de também terem sido afetados, os neurônios sobreviventes passaram a enviar ramificações para inervar os feixes musculares comprometidos pela doença.
A tendência é que os casos de Síndrome Pós-Poliomielite diminuam consideravelmente nos países em que as campanhas de vacinação contra a poliomielite representaram uma estratégia importante para erradicar a doença.
Não existem estatísticas precisas sobre o número de portadores da Síndrome Pós-Poliomielite no Brasil. Na verdade, só em 2010, a enfermidade foi incluída no Catálogo Internacional de Doenças (CID 2010), graças a um trabalho desenvolvido por pesquisadores brasileiros na UNIFESP.

Sintomas
A Síndrome Pós-Poliomielite pode manifestar-se tanto em pacientes que desenvolveram um episódio de paralisia flácida quanto naqueles em que a infecção não deixou esse tipo de sequela.
Os principais sintomas da Síndrome Pós-Poliomielite são:

  • *      Fraqueza muscular progressiva nos membros atingidos ou não pela doença;
  • *      Cansaço excessivo;
  • *      Dores musculares e nas articulações;
  • *      Cãibras;
  • *      Dor de cabeça;
  • *      Dificuldade de deglutição e para controlar os esfíncteres;
  • *      Hipersensibilidade ao frio;
  • *      Distúrbios do sono;
  • *      Problemas respiratórios;
  • *      Depressão;
  • *      Ansiedade.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta os sinais da Síndrome Pós-Poliomielite instalados há mais de um ano em pessoas que tiveram poliomielite no passado.  A eletroneuromiografia pode ser um exame útil para avaliar alterações na inervação e ajudar a excluir a possibilidade de outras doenças degenerativas com sintomas semelhantes.

Tratamento
Não existe tratamento específico para a Síndrome Pós-Poliomielite.  A abordagem é sempre multidisciplinar e inclui exercícios aeróbicos leves, de alongamento, de resistência com pouca carga, hidroterapia, orientação nutricional, assim como o uso de órteses (bengalas, muletas, andadores, coletes, por exemplo), de próteses, de equipamentos de assistência e suporte, de medicamentos para controle da dor e da ansiedade.
A fisioterapia é um recurso essencial para ajudar a manter a função muscular.

Recomendações
Pacientes com síndrome pós-pólio devem ser orientados para:
Ø  Reduzir ao máximo o gasto desnecessário de energia;
Ø  Estabelecer uma rotina de vida que permita incluir períodos de repouso entre as atividades do dia a dia;
Ø  Investir no condicionamento físico adequado visando ao fortalecimento da capacidade funcional;
Ø  Evitar realizar movimentos repetitivos;
Ø  Exercitar os músculos de forma criteriosa para que não atrofiem;
Ø  Valer-se do uso de equipamentos ou próteses que ajude a retardar o processo de evolução da doença.

Considerações Finais
Parece cada vez mais provável que a ameaça milenar da poliomielite em breve chegará ao fim. No entanto, a sombra da poliomielite vai continuar por décadas, tendo um pedágio significativo sobre a saúde e o bem-estar de milhões de pessoas com Síndrome Pós-Poliomielite. A situação atual e as necessidades futuras são ainda desconhecidas. Suas vidas serão limitadas e não por sua deficiência, mas as ramificações médicas e sociais de sua deficiência, o estigma, a marginalização social e barreiras para recursos, tais como assistência médica, educação e emprego, que irá resultar em pobreza, falta de escolha e a negação dos direitos humanos fundamentais. Pesquisa e advocacia, bem como programas e políticas, são necessários para maximizar a saúde de forma mais eficaz aos sobreviventes da pólio e bem-estar, promovendo uma maior participação e inclusão social.

A erradicação da poliomielite é um campo de provas, um teste. Ele vai revelar o que os seres humanos são capazes de fazer, e sugerir como ambicioso que pode ser o nosso futuro. No entanto, argumenta-se que esta afirmação é igualmente relevante para aqueles enfrentando as consequências incapacitantes da poliomielite que resultaram na Síndrome Pós-Poliomielite. A batalha contra a poliomielite não será vencida até que a comunidade global possa garantir aqueles que vivem com as consequências incapacitantes da poliomielite que suas necessidades serão atendidas e os recursos serão disponibilizados para que possam funcionar plenamente e livremente nas sociedades em que vivem  agora e nas décadas que virão.
Para contribuir com a questão pública, pauto alguns pontos importantes no dia a dia do paciente acometido pela Síndrome Pós Poliomielite:
Distribuição de EQUIPAMENTO MOTORIZADO aos Pacientes acometidos pela Síndrome Pós Poliomielite com indicação médica para quem precisa se locomover de forma independente e confortável, com o mínimo de esforço em virtude do agravamento dos sintomas de degeneração e fadiga.
Distribuição de medicação de primeira geração para o controle das dificuldades degenerativas, fadigas e outros sintomas da Síndrome Pós Poliomielite.
Reforça a divulgação em âmbito nacional da Revisão e Atualização da Organização Mundial de Saúde, realizada na Classificação Internacional de Doenças, versão 10 (CID-10), concedeu um lugar especial Síndrome Pós Poliomielite (SPP), classificando-o no âmbito do "G14" tornando-se parte das doenças do sistema nervoso central.
Divulgar e considerar como centro de referencia o trabalho desenvolvido por pesquisadores brasileiros na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) – Escola Paulista de Medicina (EPM) o qual criou o primeiro Ambulatório Especializado em Síndrome Pós Poliomielite na América Latina, sob a responsabilidade do Prof. Dr. Acary Souza Bulle Oliveira, Chefe do Setor de Investigação em Doenças Neuromusculares.


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